PiTacO do PapO - 'O Rei Leão' | 2019
NOTA 7.5
Pouco brilho, muita coragem
Por Sérgio Ghesti @meuhype
A disney traz seu terceiro filme, somente neste ano, adaptado de suas histórias clássicas de sucesso. 'O Rei Leão' ganha vida de uma maneira digna, porém sucumbe em uma transposição que soa em alguns momentos importantes da trama como artificial e monocromático, o fotorrealismo vibrante da savana africana detalha os belos cenários e os variados animais e insetos que conseguem convencer de um trabalho técnico impecável, infelizmente, menos quando cantam, beirando ao caricato. Já a recriação dos amados personagens apresentados no clássico de 1994 são fiéis, não desagradam. A essência de cada um e sua importância permanecem intacta, assim como as expressões e o carisma, algumas cenas impressionam pela qualidade e pela direção precisa de Jon Favreau que consegue ajustar pontos problemáticos da adaptação de forma aceitável.
Visualmente o filme é um deslumbre assim como a recriação dos principais atos do desenho, como ponto de desvio temos a pouca luz principalmente nos momentos de ação, o 3D é totalmente dispensável. Outro problema é a falta de tempero para o filme possuir identidade própria. A recriação só repete o desenho com poucas adesões. A produção possui um elenco repleto de estrelas. Donald Glover, Beyoncé, Seth Rogen e Billy Eichner são apenas alguns dos nomes que revisitaram as Terras do Reino e deram vida à nova versão.
A trama apresenta Simba (Donald Glover/Ícaro Silva), um jovem leão cujo destino é se tornar o rei da selva. Entretanto, uma armadilha elaborada por seu tio Scar (Chiwetel Ejiofor) faz com que Mufasa (James Earl Jones), o atual rei, morra ao tentar salvar o filhote. Consumido pela culpa, Simba deixa o reino rumo a um local distante, onde encontra amigos que o ensinam mais uma vez a ter prazer pela vida. A cantora Iza realiza a versão nacional de Nala, na original Beyoncé dá voz e personalidade da melhor amiga de Simba nessa jornada, ela também substitui Elton John trazendo a canção tema do filme 'Spirit'.
A Disney reaproveita seu catálogo com uma filmagem curiosa principalmente por mexer com o lado afetivo de quem já apreciou a história original e consegue, mesmo cheio de problemas, entreter com certa qualidade. Tudo começou lá atrás, em 1996 quando o filme de 101 Dálmatas ganhou vida adaptando o desenho charmoso de 1961, o real motivo seria talvez trazer novamente a história a uma nova geração. Em 2010 um novo projeto, de certa forma mais ousado, trouxe vida a 'Alice no País das Maravilhas', clássico Disney de 1951, dirigido por Tim Burton e com grande elenco, o filme foi um enorme sucesso entre o público e inclusive ganhou uma continuação. Quatro anos depois, em 2014 foi a vez de Malévola ganhar vida, o estúdio apostou em mudar o direcionamento e a versão de 'A Bela Adormecida' que é contada pelo ponto de vista da vilã principal do clássico de 1959. Também foi um enorme sucesso de público e sua continuação chega aos cinemas esse ano. Em 2015 foi a vez de 'Cinderella' adaptar o clássico de 1950. De todos esses filmes o que teve maior aclamação da critica especializada foi 'Mogli, O Menino Lobo' de 2016, retomando o clássico de mesmo nome lançado em 1967, dirigida pelo mesmo Jon Favreau de 'O Rei Leão'. No ano seguinte, em 2017, foi a vez de 'A Bela e a Fera' ganhar vida em um musical também aclamado pelo público. Com saldo positivo de bilheteria em praticamente todos esses filmes, obviamente novas adaptações surgiriam, e esse ano tivemos 'Dumbo' de Tim Burton e 'Aladdin' de Guy Ritchie, além de 'Mulan' já quase pronto para 2020 e 'A Pequena Sereia' em produção.
É um "novo" modelo de serem apresentadas e consumidas e por enquanto ainda são apenas sub-produtos de suas inspirações. A Disney corre riscos calculados e demonstra ser um conglomerado ganancioso em busca de lucros estratosféricos requentando seus principais sucessos em filmes que nem sempre chegarão ao pés do valor sentimental da obra original e talvez cumpram seu papel de entretenimento para essa nova geração. 'O Rei Leão' diverte e emociona da mesma maneira em que se torna apenas um instrumento de negócio de seus idealizadores, seus pontos fortes se ofuscam em meio a necessidade de ser fiel ao desenho e criar uma história crível, ainda que falhe bastante e cause estranhamento, é uma aventura pontual e emocionante, mesmo estando longe de atingir a máxima do longa animado.
Vale Ver !
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