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PiTacO do PapO - 'Meu Bebê' | 2019

NOTA 6.5

Por Rafael Yonamine @cinemacrica


Qual é a mãe que não vê o filho como um eterno bebê? Nesse novo trabalho de Lisa Azuelos esse tradicional afeto materno é confrontado com o amadurecimento e consequente desgarramento natural dos filhos. Héloïse, numa composição de felicidade e esboço da solidão que está por vir, recebe a notícia de que a filha Jade fora aprovada numa faculdade canadense. Na atualidade, mãe e filha vivem na França. “Meu Bebê”, portanto, reconstitui sob a ótica materna e com ares franceses o que tantos pais experienciam.


O que poderia recair num relato puramente dramático é concebido de forma a agregar doses de humor. O recurso cômico é moldado com contornos que transpõe o agir materno do patamar formal para o contexto da jovialidade em que vive a filha. Desse modo, os momentos de descompressão recaem em situações de convivência em que a mãe busca se aproximar da intimidade da filha, mesmo que isso implique em encaixar hábitos de adulto em formas adolescentes. A atriz Sandrine Kiberlain, figura ativa no cinema francês atual, tem boa entrega no papel de Héloïse, são bons os momentos de intimidade que demandam poder interpretativo cômico.

Mesmo fugindo do dramalhão absoluto, é tarefa difícil desvincular o conjunto final de uma concepção convencional. O aporte de valor sobre o elemento central da desconexão do elo mãe-filha fica a cargo do humor. Numa proposta em que o sofrimento deveria se pronunciar de forma natural, temos como consequência imediata a debilidade dramática. Azuelos simplesmente não consegue energizar o conceito da perda da filha. As tentativas de construção dos momentos de tristeza, inclusive, são absolutamente monótonos.

Vale pelo toque de irreverência na relação mãe e filha, mas não espere reflexões inovadoras sobre um sentimento tão comum.


Vale Ver Mas Nem Tanto! 



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