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PiTacO do PapO - 'Missão no Mar Vermelho' | 2019

NOTA 7.0

Por Karina Massud @cinemassud 


Atualmente existem 65 milhões de refugiados no mundo. Refugiados por guerras civis, ódio racial, fuga de governos ditatoriais e outros tantos motivos hediondos. Histórias tristes  de vidas sem rumo que invariavelmente rendem ótimos roteiros dramáticos.


Um desses grupos é o de judeus etíopes que viviam refugiados no Sudão muçulmano e sob um regime ditatorial feroz. Judeus negros que sonhavam em reconstruir suas vidas na terra prometida, Jerusalém. Em 1979 o governo israelense realizou missões arriscadíssimas para resgatá-los e levá-los à salvo para Israel. “Missão no Mar Vermelho”, produção da Netflix, é baseada na primeira dessas missões. O plano é doido, mas engenhoso: o governo de Israel comprou um hotel à beira-mar para servir de fachada para os etíopes e os agentes, que os levariam  através do Mar Vermelho até Israel.

A sequência inicial prende com um resgate insano, dando a impressão que aí vem um thriller de tirar o fôlego e arrancar lágrimas. Mas fica por aí. Os resgates, foco principal do roteiro, ficam dispersos em meio a cenas que beiram a comédia - da equipe de agentes bancando os monitores de turismo dando aulas de mergulho, ginástica e fazendo luau ao redor da fogueira. Seria bacana ter acompanhado o trajeto dos refugiados do gueto até o hotel, a vida nos esconderijos e como os barcos israelenses iam pegá-los na praia.

Chris Evans é o protagonista Ari Levinson, agente da Mossad que bola o plano de resgate, ele é o Capitão América sem uniforme,  já que corre, faz flexões, tem  dramas familiares e é tratado por todos como herói. Ele tem seus méritos mas o verdadeiro herói é Kebede, líder dos refugiados vivido pelo ótimo ator Michael Kenneth Williams (do filme “12 Anos de Escravidão” e da série “Olhos que Condenam”). É ele quem arrisca sua vida os conduzindo até o hotel num trajeto através de milícias armadas até os dentes. Kebede é um personagem mil vezes mais interessante, mas talvez não sustentasse uma audiência como Chris Evans, então acabou se consolidando como um coadjuvante meio apagado - o que é uma pena.

“Argo”, filme ganhador do Oscar de Melhor Filme de 2013, narra o resgate de americanos reféns em Teerã usando para isso agentes disfarçados de equipe de cinema. Pois bem, “Missão no Mar Vermelho” seria pra mim um primo pobre de “Argo”, falho no sentido cinematográfico, pois a história é até mais curiosa e emocionante. Esperava bem mais do filme.  Ele diverte, mas fica aquém das expectativas, visto o elenco estrelado e a história sensacional que infelizmente foi desperdiçada.


Vale Ver !



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