PiTacO do PapO - 'Chicuarotes' | 2019
NOTA 7.5
Por Rafael Yonamine @cinemacrica
Gael García, agora atrás das lentes, é quem assina a direção de “Chicuarotes”. Apesar de ter participado e coparticipado de outras produções menores e trabalhos para a TV, esse é apenas seu segundo longa. A temática não é muito distante de alguns exemplares brasileiros: o retrato da marginalização de comunidades periféricas a grandes centros. Nesse caso, o cenário circunda a Cidade do México. Muda o endereço, mantêm-se as problemáticas. Como é de se esperar, a trama abraça com vigor as relações humanas truculentas sub financiadas por um dinheiro, ora conquistado com esforço honesto, ora tomado por vias ilegais.
Cagalera e Moleteco, dois adolescentes, são os que protagonizam o espírito transgressor marginal. A ambição da posse invariavelmente reside na prática de delitos. Os personagens não desenvolvem preferências ou especialização, o desapego da rotina abre-se em modalidades que passam pelo furto, assalto a mão armada e sequestro. Recurso que, após algum tempo, passa do didático ao redundante pela insistência. As relações humanas, previsivelmente, não seriam mais nobres. No lar, por exemplo, sobra violência doméstica. A miséria material e moral, portanto, têm razoável diversidade e são funcionais para a contextualização. Um dos acertos é elevar a falta de humanidade de forma progressiva à maturação do drama. Ao final, quando supomos ter compreendido toda a miséria humana, somos convidados a tomar uma dose ainda mais amarga da nossa essência.
Assim como visto em obras nacionais, aqui a tangibilização da violência também recorre a um incessante linguajar violento. O excesso também é observável no ímpeto sem filtros em aceitar qualquer situação para roubar, mesmo que a oportunidade esteja num inofensivo estoque de lingeries. A direção coleciona acertos como o choque final e a clareza da nossa condição. Mas a impressão resultante é a de que o todo não oferece uma entrega poderosa ou algo inovador.
Vale Ver !
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