PiTacO do PapO - 'Dafne' | 2019
NOTA 7.5
Por Rafael Yonamine @cinemacrica
A famÃlia de Dafne é a do tipo em que o elemento de coesão que unifica as três partes, pai, mãe e filha, recai sobre a figura materna. Como se é de supor, a instabilidade tem inÃcio com a morte dessa figura, a consequência imediata é o estreitamento da relação fria de Dafne com seu pai.
Ele, o pai, personifica o perfil clássico da introspecção. Ela, a filha, exala espontaneidade. Além dessa caracterÃstica, Dafne é portadora da sÃndrome de Down. A elegante perspectiva adotada pelo diretor Federico Bondi é a de não vitimizar a protagonista pela a sua condição, mas de elaborar uma construção que salta do compadecimento para a consolidação de uma figura carismática. Desse modo, a funcionalidade acentua as diferenças entre os membros remanescentes da famÃlia tornando a conciliação num desafio ainda mais difÃcil.
Os primeiros contatos pós falecimento da mãe não recorrem a malabarismos narrativos. São experiências cotidianas básicas, mas agora sem o amortecimento materno. Dafne não poupa palavras para pontuar suas primeiras discordâncias, assim como é desinibida em demonstrar amor genuÃno. Após esses episódios popularem quase ⅔ do filme, pai e filha seguem numa viagem feita a pé e passam a intensificar a relação em outros ares. Ao final, mantendo a despretensão vista anteriormente, 'Dafne' oferece um desfecho doce que, de alguma forma, revive a coesão dos três entes da famÃlia.
Esse é um filme de proposição modesta, mas verdadeira e bem executada. Apesar de não oferecer notável profundidade de personagem ou complexidade dramática, segue um fluxo agradável. Destaque para a atriz Carolina Raspanti que na pele de Dafne consegue humanizar a obra com um toque único.
Vale Ver !
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