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PiTacO do PapO - 'Euforia' | 2019

NOTA 6.5

Por Rafael Yonamine @cinemacrica 


A rotina frenética de Matteo é bruscamente interrompida com uma grave notícia envolvendo a família: seu irmão, Ettore, está com câncer. Os irmãos, que antes viviam em realidades distintas, passam a dividir o mesmo apartamento em Roma, local de residência de Matteo. A diferença de endereço é desprezível quando as diferenças dos personagens principais são emparelhadas. O anfitrião, Matteo, é socialmente ativo, rodeado de amigos e eventos, possui uma situação econômica visivelmente privilegiada e é homossexual. Em poucas palavras, Ettore é o oposto de tudo isso. 


O trabalho permanente da diretora Valeria Golino é explorar essas diferenças dentro do contexto da luta contra o câncer. A clareza da distinção é executada com sucesso, é impossível não notá-la em poucos minutos. Considerei, inclusive, que Golino exploraria esse objeto com uma perspectiva conceitual enunciada logo nas cenas iniciais. Nelas vemos homens dançando, ausência de diálogos em favor da captura de expressões faciais, trabalhos de iluminação baseadas em contrastes. Mas não, o que sucede a introdução segue uma esquematização explícita, nem mesmo o ofício de arquiteto bem sucedido escapa das interações narcisistas de Matteo como proposições descabidas para um grupo de padres que queriam reformar a igreja.

A caracterização do par consanguíneo é sensivelmente desnivelada. Mesmo flexibilizando o rigor que considere Matteo como protagonista absoluto, a caracterização anêmica de Ettore influi no poder de comoção que se deseja alcançar. A presença excessiva de Matteo, inclusive, assume postos inverossímeis. Difícil conceber o cenário onde, alguém que antes era ausente, passe a reger assuntos delicados sobre como a família e o corpo médico deve comunicar o real estado do paciente.

Quando o roteiro tenta se aprofundar no ator principal, falta repertório e precisão no timing. Os vícios de Matteo são econômicos, expostas às pressas e apenas tardiamente. De uma forma geral, a exposição dos lados não óbvios dos personagens não são virtuosos. A obra, em suma, preocupa-se em gritar diferenças e que, apesar dos contrastes, o amor é soberano.


Vale Ver Mas Nem Tanto !



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