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PiTacO do PapO - 'Malévola: Dona do Mal" | 2019

NOTA 6.0

É melhor que o primeiro, mas...

Por Vinícius Martins @cinemarcante


Um dos lançamentos mais questionáveis dos estúdios Disney na década atual é, sem sombra de dúvidas, o filme ‘Malévola’ de 2014. Um filme desnecessário, com uma trama rasa e conflitante consigo mesma, que ofende a memória do longa que em 2019 completa 60 anos. E então, como o que manda no cinema é o cifrão do dólar e a produção lotou salas de cinema em todo o mundo, foi encomendada uma sequência para sugar ao máximo a fonte de fortuna até ela secar. E eis que temos Malévola novamente protagonizando um filme que não faria falta se não existisse - e muito provavelmente continua não fazendo falta agora que existe. 


A grosso modo, ‘Malévola - Dona do Mal’ se apresenta melhor do que o seu antecessor de cinco anos antes; mas isso não quer dizer que o filme seja bom. Na verdade, essa é uma daquelas obras que exigem uma ignorância extrema de seu público para ser apreciada ou no mínimo aceita, e isso não se dá só pelas pessoas que tem algum apego emocional com a animação de 1959 (como eu, por exemplo, que cresci assistindo em VHS junto com ‘Mogli: O Menino Lobo’ e ‘O Corcunda de Notre Dame’), mas também com aqueles cujo único contato com a mitologia envolvendo a princesa Aurora e a vilã chifruda foi com o filme de 2014, que propunha uma releitura da história anteriormente contada e destacando a Malévola como uma vítima sensível ao amor. O filme é um festival de contradições e auto-anulações, boicotando constantemente a si mesmo e ao filme lançado cinco anos antes. Sem dar muitos detalhes para não entregar spoilers (como se nesse caso fosse algo importante), o longa anterior estabelece Malévola como uma fada que se tornou ranzinza e maligna após sofrer uma traição; e nessa nova obra seu caráter original é totalmente anulado e ela se torna um ser das trevas, pertencente a um clã de seres das trevas, que moram em um covil que é onde os primeiros seres das trevas surgiram. Sim, o termo “ser das trevas” é veementemente enfatizado durante o segundo ato do filme. E como se não bastasse isso, a obra não faz sentido nem dentro dela mesma individualmente. 

ridículo parece ter sido incorporado em uma escala colossal pelo elenco secundário; é como se todos tivessem plena ciência de que estão em uma piada sem graça, e tentassem rir disso para se desvencilhar do risco da chacota. As únicas coisas consideravelmente admiráveis em todo o filme são o bom uso do 3D, a trilha sonora de Geoff Zanelli, os figurinos de Ellen Mirojnick e o trabalho da equipe de design de produção, que faz um trabalho belíssimo com as cores e ambientações durante as duas horas em que a trama se desenrola. A conclusão mais válida para justificar ‘Malévola - Dona do Mal’ é a baixa temporada de obras de fantasia. A Disney deve ter visto uma janela na data e pensado “vamos fazer alguns milhões a mais nesse dia, nossos bilhões ganhos com o monopólio da indústria ainda não são suficientes”. E é triste que um diretor tão bom como Joachim Rønning (do excelente ‘Kon-Tiki') deixando de fazer cinema arte e migrando para produções tão incoerentes e esquecíveis.

PS: Mudaram o ator que faz o príncipe e ninguém parece ter notado, de tão insignificante que ele é.


Vale Ver Mas Nem Tanto !




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