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PiTacO do PapO - 'A Luz no Fim do Mundo' | 2019

NOTA 7.5

Por Karina Massud @cinemassud


Desde que Casey Affleck ganhou o Oscar de Melhor Ator pelo papel no filme “Manchester à Beira Mar” peguei implicância por não o considerar um ator de primeira grandeza ou merecedor de tal honraria - seu estilo de interpretar é tão sóbrio e introspectivo que incomoda. Então quando me deparei com “Light of My Life” (e lá vamos nós com mais um título nacional infeliz, “A Luz no Fim do Mundo”), filme que ele escreveu, dirigiu e protagonizou, já fui com um pé atrás. Mas que boa surpresa! Gostei bastante do longa que me emocionou de marejar os olhos.


Alex é uma garota de 11 anos que tem que se vestir de menino e ser chamada de Rag na frente dos outros durante sua viagem com o pai (que não tem nome) em busca de comida e de um lugar quente e seguro. Isso porque anos atrás uma doença dizimou quase todas as mulheres do planeta, e as poucas que restaram viraram alvos, mas também quem sabe, “aves raras” valorizadas futuramente. 

As mulheres são poucas e por isso poderosas, deveriam ter tido mais espaço na trama. Pouco tempo depois de se envolver em um escândalo de assédio sexual Casey Affleck virou um personagem feminista protetor dessa menina-moça (seria para se redimir perante a opinião pública?!)

Já vimos esse filme antes... é uma colcha de retalhos de “Sem Rastro” (2018) e “A Estrada” (2009) : um pai e sua filha tentando sobreviver num mundo pós-apocalíptico em uma trajetória sofrida, de auto-conhecimento, aprendizado e proteção mútuos. A trama não foca na causa da praga nem mesmo no porquê da menina ter sobrevivido a ela, o mundo perigoso que os rodeia é apenas o pano de fundo para uma fábula de paternidade contada através das  conversas e histórias entre pai e filha, que apesar de longas, prendem pois são emocionalmente profundas. Histórias de ninar sobre a Arca da Noé, sobre o que é a humanidade e suas mazelas, sobre morte e até mesmo sobre educação sexual (afinal Alex está ficando mocinha). Há pouco roteiro para 120 minutos de exibição, uma enxugada na trama cairia bem pois as cenas de fugas e ameaças se repetem demais.

Casey Affleck já havia se aventurado atrás das câmeras num mockumentary estrelado por Joaquin Phoenix, e agora em “A Luz no Fim do Mundo” ele se mostra um diretor competente e seguro no que faz ( melhor do que como ator). O ritmo do filme é lento mas contínuo, com algumas boas cenas de tensão e outras tantas de cortar o coração, e também tomadas silenciosas em caminhadas pela floresta, estradas e nevasca. Um pai preparando sua filha pra enfrentar um mundo hostil, tornando-a numa mulher empoderada e independente para seguir lutando.


Vale Ver !


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