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PiTacO do PapO - 'Brooklyn - Sem Pai nem Mãe' | 2019

NOTA 7.0 

If !

Por Rogério Machado 

É  claro e notório o quanto tudo  em 'Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe', funciona de forma  a fazer Edward Norton brilhar. Desde o título, que diz respeito diretamente a seu personagem,  até o roteiro, que confere enorme destaque ao ator , (eu diria que um dos melhores papéis de sua extensa carreira  de altos e baixos),  vemos que tudo gira em torno desse homem de índole infalível e de características sobremaneira curiosas. Norton também assume aqui roteiro e direção: desde 2000 ele não ocupava o posto, - quando dirigiu o divertido 'Tenha Fé' -, dezenove anos depois ele se arrisca ainda mais em um projeto rebuscado e se revesando entre essas três funções. 


A trama se passa na Nova York dos anos 1950 e seremos apresentados a Lionel Essrog (Norton) , um solitário detetive particular com síndrome de Tourette, o que faz com que volta e meia não tenha controle sobre o que diz. No momento ele está investigando o assassinato de seu amigo e mentor, Frank Minna (Bruce Willis), mas tem poucas pistas sobre o que aconteceu. Obsessivo, Lionel passa a percorrer vários trechos da cidade em busca de respostas, até encontrar um caminho através da especulação imobiliária em vizinhanças resididas em sua maioria por pobres e negros.

'Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe'  é charmoso, tem  a pegada de filmes de espionagem dos anos 70, que somado a trilha sonora repleta de metais nervosos - do jazz que dominava pequenos pubs na década de cinquenta - além da bela fotografia, figurinos e outros méritos de ordem técnica. Porém , é preciso ressaltar a ineficiência de Norton em administrar o roteiro, que tinha profundidade para ir mais distante do que nos leva. As questões do racismo  se misturavam à especulação imobiliária pesando a mão nos menos favorecidos que , coincidentemente ou não, também respingava nos negros. A apropriação do tema é falha assim como o ritmo - as quase 2 horas e meia passam a ser desnecessárias diante de um argumento que poderia se destrinchar em menos tempo, e com mais fluidez. 

A quebra das sequências monótonas só acontece pelo brilhantismo de Norton, que ao contrário do que realiza na direção, domina todo o espaço cênico, estando ou não em cena. É curioso notar a onipresença desse personagem tão bem defendido pelo ator, que vão desde os tiques onde ele inoportunamente solta um sonoro "if" no meio de frases que em nada casam com o respectivo advérbio, até instantes mais sóbrios. 'Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe' tem um elenco de respeito (Willem Dafoe, Gugu Mbatha-Raw, Bobby Cannavale, Leslie Mann) , mas é Edward Norton que atrai todos os olhares. Acredite, mesmo com todos os percalços, a produção vale a espiada por conta do que ele realiza enquanto ator. 


Vale Ver !


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