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PiTacO do PapO - 'O Escândalo' | 2019

NOTA 7.5 

Precisamos falar de assédio

Por Rogério Machado

É curioso  notar como o cinema do americano Jay Roach ('Trumbo: Lista Negra' - 2015) foi  aos poucos tomando novos rumos. De comédias despretensiosas (algumas até de conteúdos rasos) até outras mais inteligentes e de grande destaque, as obras do cineasta de uns tempos para cá foram assumindo tons mais sérios, mas claro, sem deixar completamente de lado o gênero que um dia o consagrou. Afinal de contas, por mais densa que seja uma trama , a  tom de sátira acaba fazendo bem à alguns projetos. A ironia, por exemplo, é constante em seu aguardado novo trabalho: 'O Escândalo' , filme de encerramento do Festival do Rio 2019, que aborda a derrocada de um dos homens mais poderosos do entretenimento, Roger Ailes, presidente da Fox News. 


Na história que é baseada em fatos, Charlize Theron, que dá vida à Megyn Kelly, Nicole Kidman (a âncora Gretchen Carlson) e Margot Robbie , Kayla Pospisil, (personagem ficcional) uma aspirante a estrela de tevê, vão com tudo pra cima do então presidente da poderosa Fox News, que em épocas diferentes, usou do seu poder para tirar vantagens sexuais em função de possíveis promoções.

A trama tem seu foco no ano de 2016, quando Ailes , com 77 anos, foi acusado de agressão sexual por uma ex-âncora de muito sucesso da rede, Gretchen Carlson. A acusação fez Ailes pedir demissão após décadas comandando o canal. A jornalista processou Ailes alegando que seu ex-chefe a demitiu indevidamente depois de ela ter rechaçado anos de avanços sexuais não desejados. Ela disse que Ailes tirou-a do programa matutino Fox & Friends em 2013 e cortou seu salário porque ela se recusava a ter uma relação sexual com ele.

O texto a cargo de Charles Randolph (Oscar de Melhor roteiro adaptado em 2016 pelo ótimo 'A Grande Aposta') é direto e não faz rodeios. Se há  mérito na obra, o roteiro é grande responsável: ágil e cortante o longa cria empatia direta com o público pelo texto  inteligente, enxuto e objetivo em abordar o tema. É claro que alguns vícios do gênero são percebidos, como por exemplo o maniqueísmo assumido, não por condenar os devidos culpados (afinal, a obra é assumidamente denunciatória), mas por pender ao sensacionalismo. 

No entanto, o elenco é outro ponto que eleva o nível da obra, o trio de protagonistas é a força motriz do projeto. Sobre sexismo, machismo, diferenciação de gênero,  sexo frágil.  'O Escândalo' é competente em propagar mais uma vez um assunto tão urgente. 


Vale Ver !


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