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PiTacO do PapO - 'Retablo' | 2019

NOTA 9.0

Por Rafael Yonamine @cinemacrica


Durante a minha programação do final de semana estava em dúvida se incluiria esse filme. A falta de expectativa foi proporcional aos comentários em torno do filme. Ao fim, considerá-lo foi a melhor escolha que fiz. Antes de comentá-lo, adianto que essa é uma pérola merecedora de mais reverberação, recomendo muito que assistam. A trama roda numa pequena comunidade em algum lugar remoto nos Andes. Nem espanhol se fala, o dialeto é o quêchua. Noé e Segundo, pai e filho, são artesãos de retábulos: caixas que encenam, por meio de miniaturas, temas religiosos ou cotidianos. A cumplicidade e admiração mútua é abalada por uma atitude polêmica do pai, o que é agravado pelo conservadorismo intransigente do contexto social em que vivem.


A construção da relação de amor entre pai e filho é prazerosa de ser vista e encabeça os grandes méritos do filme. Chega a ser poético como a materialização desse sentimento se sedimenta na confecção dos retábulos. Esse é apenas o ponto de partida. A cumplicidade é enriquecida com o cotidiano que envolve a atividade: pai e filho diariamente andam para vender sua arte, interagem com locais e mantêm viva a tradição artesã também pela perspectiva mestre e aprendiz.

Admiro o estilo adotado para exprimir as mensagens principais, talvez seja um dos motivos pelos quais a obra tenha sido tão diferenciada sob meu ponto de vista. A verborragia é trocada, sem perdas, pelo falar sem palavras. O silêncio por muitas vezes é acompanhado por expressões que falam com mais riqueza que qualquer apanhado de verbos. Como um bom drama demanda, a soberania do amor é ameaçada. O diretor Álvaro Delgado-Aparicio não é econômico no choque. A partir desse ponto, estabelece-se o questionamento se o amor é capaz de superar a decepção.

Lindo, necessário, humano.


Super Vale Ver !





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