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PiTacO do PapO - 'A Revolução Em Paris' | 2019

NOTA 6.0

Por Rafael Yonamine @cinemacrica


A obra de Pierre Schoeller remonta a efervescência do período que rodeia a Revolução Francesa. Claramente dispondo de recursos, o diretor conta com um número volumoso de atores franceses de elite. Se aprecia filmes desse país, não terá dificuldade em reconhecer ao menos 5 rostos conhecidos. Os benefícios do investimentos também se refletem na produção: bons figurinos e ambientações caprichadas. Nada memorável, mas bastante decente.


A trama se desenrola com a perspectiva da base social. O termômetro da evolução dos grandes fatos históricos são as impressões e cotidiano do povo. Porém, mais do que simplesmente recontar a História, como o faria um filme mediano que se acomoda nessa missão, Schoeller tem notáveis inserções autorais. Algumas são mais despretensiosas, como a presença ocasional de pequenos musicais. Outras mais estruturantes, como o deslocamento do rigor esquemático de simplesmente reconstruir a cronologia episódica em favor do estabelecimento de focos particulares. Ilustra perfeitamente esse ponto o peso que se dá ao que se passava na Assembléia Nacional. A História evolui naquele salão, é interessante observar a maturação das pautas e debates dos momentos pré e pós Revolução.

Apesar da louvável, a tentativa de romper com o padrão de filmes históricos não é harmônica. Tomando como exemplo a alavanca da Assembléia Nacional, que ocupa boa parte da narrativa, é nítido que Schoeller busca coroar sua obra evocando o poder de grandes figuras francesas como Danton e Robespierre. O fato é que a menção é apenas um potencial bom ponto de partida, a mobilização decorre de contextualizações bem executadas, o que não ocorre. Os discursos soam artificiais, os ícones da Revolução cumprem apenas com as sucessivas participações que endereçam o exercício da vaidade que preza por nomes e esquece do conteúdo. 

A alternância de focos também impossibilita construções de arcos de personagens ou até mesmo da entidade popular, que poderia ser um personagem-entidade. Mas os contextos particulares são voláteis e apenas observamos o povo, não vivemos o povo.


Vale Ver Mas Nem Tanto!



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