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'37 Segundos' : uma história sensível de superação como você nunca viu antes | 2020

NOTA 10 

Por Karina Massud @cinemassud 

Uma tendência linda e inspiradora que já vem ocorrendo há vários anos é a inclusão social de pessoas especiais, portadoras de alguma deficiência, em séries e filmes, artistas talentosos e merecedores de uma chance no mundo do entretenimento. Nas séries ”Breaking Bad”, “Special” e nos filmes “Viver Duas Vezes” ,”Colegas”, os exemplos são inúmeros. No filme japonês “37 Segundos”, disponível na Netflix, a protagonista é vivida pela atriz portadora de paralisia cerebral May Kaeama, que vive a garota de 23 anos Yuma, desenhista talentosa de mangás que mora com a mãe superprotetora (e que a infantiliza), afinal o pai as abandonou desde o nascimento. Ela é pequenina, tem rostinho e corte de cabelo infantis e sua voz tal como um sussurro, mas mesmo sendo cadeirante ela todos os dias pega um trem para ir pro centro de Tokio trabalhar desenhando mangás.


A trama acompanha, além da jornada de independência de Yuma, seu embate com a mãe que não quer que ela bata asas, use roupas mais femininas ou tenha vida sexual. Não se pode julgar uma mãe dessa, principalmente depois que um segredinho vem à tona. Yuma luta com todas as armas pra ter uma vida “normal” e se encaixar na sociedade, mas não é fácil.  O diretor e roteirista Hikari conduz a história num ritmo equilibrado alternando lindas ilustrações (como se fosse um anime com os mangás da protagonista) com as cenas em carne e osso , dando suavidade e beleza ao sofrido caminho da protagonista, que tem um desfecho satisfatório e coerente com todo o seu desenrolar.

O filme é tão delicado quanto duro, uma dureza silenciosa como eu nunca havia visto antes, pois Yuma é melancólica e resignada quanto à sua condição: explorada pela amiga influenciadora digital que fez fama em cima do seu trabalho incrível, rejeitada por crush atrás de crush e até mesmo por um garoto de programa com quem tentou perder a virgindade – os sentimentos que ficam são de incômodo e tristeza.

“37 Segundos” é um dos poucos filmes que encaram com realismo e  cuidado o mundo de um deficiente sem pasteurizar os problemas reais do dia-a-dia: como se vestem, tomam banho, transam, trabalham – eles são pessoas como outras quaisquer, com desejos, necessidades e competência para um ofício. Uma produção maravilhosa e muito importante para que os deficientes sejam cada vez mais plenos e tratados com naturalidade por todos nós.


Super Vale Ver !


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