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Leveza excessiva torna "Tarde Para Morrer Jovem" superficial | 2020

NOTA 6.5

Por Rafael Yonamine @cinemacrica

Os momentos iniciais preocupam-se apenas com o campo das impressões. Na realidade, pode-se dizer que o recurso da superficialidade observacional avança por toda a obra, em alguma medida. "Tarde Para Morrer Jovem" segue o tipo de construção que não se abre, a contextualização depende em grande parte da leitura de sinais. A precisão temporal, por exemplo, não é de fácil categorização. Assim também o é a assertividade geográfica. A inferência nos remete a algumas décadas atrás, o aparente contexto social é de uma comunidade que optou por migrar dos grandes centros para habitar o campo.


Estabelecido o contexto, mesmo com o pesado recurso das insinuações, somos aos poucos introduzidos aos personagens da comunidade. De igual forma, percorre-se de forma descompromissada as realidades particulares, mas com algum tempo é possível identificar em Sofia a ancoragem objetivada pela diretora Dominga Castillo. A garota vive a fase da adolescência mesclada pelo ímpeto da experimentação calcado na inexperiência. Ela não exita em repreender os pais ao ser advertida por fumar, a segurança do hábito é carregada pela rispidez na resposta. Contudo, ao mesmo tempo pouco sabe sobre si, sobretudo na vida amorosa. Ora deixa-se levar pelo imediatismo de curto prazo nos braços do colega de mesma idade, ora leva-se pela aspiração do recém chegado e já mais experiente Ignácio. Tampouco tem firmeza em  encerrar o status quo que tanto critica para emancipar-se numa outra realidade.

Há notável êxito em transpor para a tela a experiência sensorial sobre o que é viver numa comunidade bucólica. Mas, a proposta de percorrer individualidades sem profundidade subtraem muito do mérito de tornar a vivência comunitária palpável. O roteiro percorre uma grande superfície, apalpando-a sem exercer pressão satisfatória. Há morosidade em identificar questões centrais e, mesmo quando isso é feito, a tratativa é demasiadamente leviana.


Vale Ver Mas Nem Tanto !


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