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'A Caçada', filme não recomendado por Trump, é muita fumaça e pouco fogo | 2020

NOTA 6.5

Por Rogério Machado 

Desde as primeiras exibições em festivais,  'The Hunt', do diretor Graig Zobel ('Westworld'), tem provocado reações adversas. A coisa se intensificou logo após o lançamento do primeiro trailer oficial e até o presidente Trump teria criticado o conteúdo da obra, e como polêmica pouca é bobagem, o lançamento do longa foi cancelado. Aqui no Brasil, o filme veria a luz das telas em maio, mas é certo que com a pandemia do Corona Vírus, ele vá diretamente para o streaming ou mesmo para o VOD. Tamanho frisson, é atribuído a violência frenética do longa que esbarra na crítica armamentista e no possível incentivo ao uso delas, mas não para por aí. O cancelamento do longa, veio logo em seguida a onda de tiroteios em massa (cerca de 250 só em 2019) em algumas cidades americanas. 


A trama tem seu ponto de partida, quando doze estranhos acordam em uma clareira. Eles não sabem onde estão ou como chegaram lá. Eles não sabem que foram escolhidos para um propósito muito específico, a caça. Na sombra de uma teoria da conspiração da internet obscura, liderados por Athena (Hilary Swank) um grupo de elites globalistas se reúne pela primeira vez em uma mansão distante - provavelmente na Croácia - para caçar seres humanos por esporte. Mas o plano está prestes a ir por água a baixo pois um dos 'caçados', Crystal (Betty Gilpin), conhece o jogo dos caçadores melhor do que eles. Uma reviravolta está prestes a acontecer, mas antes disso, muitas vidas ainda seriam perdidas antes que Crystal encontrasse a tão falada mansão. 

Infelizmente 'A Caçada', é daqueles não raros casos de muita fumaça pra pouco fogo. O circo midiático muita vezes é providencial para alguns projetos, mesmo que lá na ponta não confirmem toda a polêmica aos quais de envolveram, e o filme de Zobel  se encaixa nessa afirmação: a produção foi concebida como uma sátira política mas se perde nos exageros, a ponto de gente cortada ao meio estar consciente e ainda sim continuar falando asneira. Mesmo que a abertura seja promissora, o longa deixa de lado a discussão que parecia assumir e aposta em cenas gratuitas de violência. Sim, a produção aposta no gore (Tarantino feelings?) e assume alguns riscos aos quais não consegue bancar até o fim, além de matar personagens que poderiam ser agregadores na trama.

Houve quem comparasse 'A Caçada' com o nosso 'Bacurau'. Ledo engano! O longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, vai muito além da matança, tem frescor pelo realismo fantástico e o contexto que, como todo mundo sabe, apresenta uma mensagem de represália contra todo um sistema opressor. Aqui, a violência abafa o discurso e o texto superficial não dá base para mudanças de rumo. Enfim, 'A Caçada' peca na mensagem, mas garante entretenimento. A ação é ininterrupta e o clima de 'o que será quem vem agora?' é intenso. 

Se existe algo de surpreendente, é a incursão da vingadora encarnada por Betty Gilpin, sua performance proporciona bons momentos ao espectador. O filme ainda conta com uma breve (e bota breve nisso) participação de Emma Roberts. 


Vale Ver Mas Nem Tanto !


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