'Fangio, O Rei das Pistas' e a trajetória de uma lenda que nunca morre | 2020

NOTA 9.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Se você perguntar para qualquer aficionado em carros e corridas quem foi o melhor corredor da história do esporte, 9 entre 10  fãs e pilotos de todas as gerações irão citar Juán Manuel Fangio, ganhador de 5 prêmios de Fórmula 1 (dominando a primeira década da categoria),recorde esse batido somente décadas depois por Michael Schumacher. Sua trajetória foi avassaladora,“El Maestro” é o ídolo de todos e deixou uma herança extraordinária.

A narrativa do documentário é em ordem cronológica, mostra a trajetória do piloto desde o início da carreira, conversas com pessoas que o conheciam desde aquela época, pelos melhores pilotos da história e por executivos de grandes montadoras de carros – imagens e depoimentos muito bem mixados.

Alain Prost, Mikka Hákkinen, Jackie Stewart, Nico Rosberg, Lewis Hamilton e, claro, nosso Ayrton Senna, todos se espelharam em Fangio. Falando sobre o ídolo eles se transformam de heróis inatingíveis em gente como a gente - a lenda vista por quem entende. 

Também conhecemos Fangio por ele mesmo, como começou em rallies malucos até chegar à categoria máxima que é a Fórmula 1, suas dificuldades, pontos fracos e perseverança para no final triunfar nas pistas. Ser o melhor no que se faz exige a junção de talento, dedicação e dessa gana por ser o melhor que o piloto tinha desde criança (não por acaso Senna também tinha) –  o desafio era vencer os próprios limites. As imagens de arquivos são ótimas (algumas bem raras), de corridas e carros históricos de equipes diversas, Ferrari, Mercedes, Maserati e Alfa Romeo. A história de Fangio é contada junto à da Fórmula 1, afinal ambas se confundem.

Muito boas são também as comparações entre as diversas eras de carros e pilotos, cada um com seu valor e legado. Os equipamentos de segurança nos anos 50 eram precários ou mesmo inexistentes, os capacetes pareciam um penico de lata, não existia o cockpit para proteger os pilotos e os carros não tinham nem um milésimo da tecnologia que têm atualmente,  eles eram conduzidos na mão e na raça. Era uma época em que a prioridade era a paixão pela velocidade; marketing, dinheiro e segurança ficavam em segundo plano. Detalhes exibidos em imagens de Fangio mergulhado no funcionamento do carro, equipamentos, etc, empenhado junto de sua equipe para melhorar o desempenho das máquinas para que pudesse tirar o melhor delas.

O público alvo de “Fangio, O Rei das Pistas” não é somente os fãs de automobilismo, mas o público que gosta de belas histórias de vida e trajetórias de sucesso. Eu me entediei com “Ford vs Ferrari” pela quantidade de cenas sobre o funcionamento dos carros com exagero de termos técnicos, um filme que é só para fãs e entendedores desse universo tão complexo. Já Fangio me encantou por humanizar o piloto e focar em sua vida e como ele encarava os desafios ; a parte técnica dos carros e corridas ficam em segundo plano mas não por isso são menos importantes. Uma história fascinante retratada em um documentário à altura.

Super Vale Ver !