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O amor profundo entre pai e filha em 'Milagre da Cela 7' | 2020

NOTA 9.0

Por Karina Massud @cinemassud 


Eu sempre fui uma cinéfila avessa a remakes, acho que certas obras não tem que ser refeitas tamanha a qualidade dos originais. No entanto nos últimos anos alguns ótimos remakes me fizeram rever esse pensamento: “Papillon” (2017), “Nasce uma Estrela” (2018) e agora o último sucesso da Netflix, “Milagre na Cela 7” (2020) -  o 4º remake depois do original sul-coreano, do indiano e do filipino.

O filme acompanha Memo, um homem com atraso mental que vive  com sua filha pequena Ova  e sua avó Fatma num vilarejo da Turquia. Eles são pobres e levam uma vida bem simples mas muito feliz, ele apesar de ser zoado por alguns é querido por outros que sabem de sua deficiência e ingenuidade. Certo dia Ova fica louca por uma mochila, então seu pai vai vender maçãs do amor pra poder comprá-la, mas um acidente e mal-entendido acontecem e Memo vai preso injustamente, acusado de matar a filha de um oficial de alta patente. 


Os protagonistas são duas crianças, uma de fato e outra um adulto com idade mental infantil. Ova não entende por que seu pai é diferente e chamado de “louco” por todos (inclusive pelos  coleguinhas de escola), quando sua avó lhe explica que ela e o pai têm a mesma idade. O trabalho do ator Aras Bulut Iynemli é arrebatador (digno de prêmios), de um equilíbrio raro de atingir sem cair na caricatura de um deficiente mental; ele é carismático e  nós o amamos assim como os presos que aos poucos descobrem que não há maldade no seu coração, e que ele seria incapaz de cometer o crime do qual é acusado. 

Mesmo sendo um drama pesado (do tipo onde desgraça pouca é bobagem) “Milagre na Cela 7” tem leveza e alegria, principalmente nas lindas cenas entre pai e filha - os melhores e mais doces momentos do filme - de deixar o coração apertado. Impossível não nos lembrarmos do belíssimo “Uma Lição de Amor”, onde Sean Penn é um deficiente adorável que também luta para ficar com sua filha.

Mehmet Ada Öztekin, na direção, faz um ótimo trabalho nas tomadas aéreas das paisagens turcas, casinhas encravadas entre montanhas rochosas e lagos; e também nos closes dos rostos dos personagens, mostrando suas fortes expressões que dizem muito em silêncio. O ritmo da trama é bom e prende apesar da edição pecar em alguns momentos, alguns fatos acontecem de repente, de uma cena para outra sem explicação ou link.

Uma história sensível e sofrida sobre injustiça, crenças, redenção e principalmente solidariedade. Milagres acontecem e não são  mágicos como em filmes onde mortos ressuscitam ou aleijados andam. Eles acontecem no dia-a-dia sem que percebamos,  os anjos milagreiros muitas vezes estão ao nosso lado – são amigos que estendem a mão quando mais precisamos. A mensagem do filme é que o grande milagre no qual todos precisamos acreditar é que, apesar de todas as tragédias enfrentadas, ainda existem pessoas boas e solidárias no mundo. Há que se ter fé na humanidade.

A emoção fica à flor da pele em “Milagre na Cela 7” e as lágrimas transbordam em cascatas, mas não se poupe dessa catarse, estamos todos precisando dela. 


Super Vale Ver ! 





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