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A arte da resiliência em 'American Woman' | 2020

NOTA 8.5

Por Rogério Machado

O cineasta Jake Scott tem pedigree: é filho do grande diretor e produtor britânico Ridley Scott. Ainda sem grande projeção, mas em seu segundo e bom filme (o primeiro, 'Corações Perdidos', lançado em 2011) ele escolhe dar voz à uma mulher que sofre , mas se reafirma como pessoa que luta pra ser independente e seguir o curso de sua vida . 'American Woman', sem título nacional e disponível no Looke, pode parecer um título genérico e falho, mas uma coisa é certa,  em nada traduz a destreza de Scott em conduzir essa trama excepcionalmente humana. 


A trama explora o drama de Debra (Sienna Miller) por um viés trivial. O arco inicia com o desaparecimento da sua filha, Bridget (Sky Ferreira) e segue os 11 anos da sua busca por respostas. Nesse tempo, ela precisa criar o neto, amadurecer, buscar uma vida melhor, dar uma chance para o amor... Uma vida comum, apesar do constante peso da ausência.

'American Woman', que foi super elogiado no Festival de Toronto há dois anos atrás, tem a seu favor a maturidade com que Scott conduz sua história. Nenhum drama é supervalorizado, nenhum problema enfrentado pela protagonista, por mais sério que seja, toma a tela além do tempo necessário. A produção trata de evolução e rege com maestria essa máxima, que tem na figura da personagem  de Sienna Miller um vetor essencial para transmitir a mensagem que desde os primeiros minutos deixa transparecer. Miller está soberba e encara o desafio de um drama tão denso com o nível de grandes atrizes. 

A trama é muito mais do que uma história feminista. Sim, demonstra o quanto uma mulher pode ser forte e obstinada, ser porto seguro enquanto tudo à sua volta está em ruínas, mas muito além disso, a produção é uma jornada áspera e cinzenta sobre auto-conhecimento. O longa se deixa levar por alguns clichês sim, porém a boa nova é que essas armadilhas são dissipadas no frame seguinte. 'American Woman' tem , entre tantos méritos, não banalizar a jornada dessa heroína e ao mesmo tempo não supervalorizar os dilemas atravessados por ela. 


Vale Ver !


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