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Dica Telecine: 'A Vigilante' | 2018

Por Karina Massud @cinemassud 


Violência doméstica é um problema gravíssimo que acontece em todas as classes sociais,uma questão delicada de ser tratada, e às vezes abafada por medo e vergonha. Mulheres que vivem em pânico e reféns do medo, sem coragem pra denunciar e fugir de seus agressores, em geral homens covardes e misóginos que precisam agredir alguém que teriam que amar e proteger para se sentirem mais homens.


“A Vigilante”, drama estrelado por Olivia Wilde, trata a violência doméstica sob o viés catártico da vingança seguindo o lema do “olho por olho, dente por dente”. Sadie é uma mulher que teve sua vida destruída pela violência sofrida em casa, e quando ela pensava que nada mais poderia ajudá-la a superar o trauma, ela descobre que canalizar o sofrimento em violência e ajudar outras mulheres  abusadas daria sentido a sua vida. Ela vira então uma mulher errática cheia de cicatrizes físicas e emocionais que foca sua vida em vingar mulheres agredidas, dando o troco na mesma moeda, dando porrada e  tirando tudo desses homens cruéis, o suficiente para garantir uma vida segura e confortável a suas vítimas.

O roteiro nos apresenta a protagonista já implacável em ação, e depois vai revelando aos poucos o seu passado em cenas de flashbacks e no seu sofrimento nos dias atuais, o que nos torna  totalmente solidários a ela. Sadie é vulnerável psicologicamente na mesma medida em que é super durona e expert em lutas, com habilidades dignas de um ninja. Uma performance belíssima de Wilde - o filme  é dela do início ao fim apesar do marido psicopata (o ator Morgan Spector, cujo personagem nem nome tem) estar ótimo e causar medo no espectador. A trama é perturbadora porque apesar de ser uma situação irreal todos estamos do lado de Sadie e concordamos com cada passo das vinganças elaboradas.

Conhecemos também outras mulheres na mesma situação em reuniões de grupos de ajuda bem doloridos, eles entram na psiquê de mulheres que tiveram seu amor próprio totalmente minado pelos agressores, que as fazem se sentirem culpadas por querer respeito, o terror psicológico sofrido as mantem reféns do abuso físico. Mulheres que inventam desculpas para os próprios agressores “ele me bateu porque estava estressado”. De onde conclui-se que não basta dizer: “Fuja dele!”.

Um drama avassalador onde a melancolia dá o tom, pois essas mulheres jamais serão as mesmas depois do que sofreram. E a doce vingança, embora nem sempre satisfaça, continua sendo um prato que se come frio, e no caso de “A Vigilante”, com farta cobertura e se lambuzando bastante.



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