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'Ema', novo filme de Pablo Larrain, é provocativo e misterioso | 2020

NOTA 9.0

Por Rogério Machado

Ema é uma mulher libertária e liberta. Independente e misteriosa, ela não pede permissão e toma as próprias decisões numa velocidade tão grande, que é impossível para um pessoa comum acompanhar.  É impossível fazer uma leitura única dessa mulher e talvez por isso ela seja tão interessante. No novo filme do cineasta chileno Pablo Larrain ('O Clube' -2015), ele leva o expectador a mergulhar de cabeça na vida da personagem título e não poupa o mistério. O resultado é um filme curioso e que nos  conduz através das interrogações que deixa pelo caminho. 


No drama, o ator Gael Garcia Bernal dá vida a Gastón, um coreógrafo que está trabalhando em sua nova instalação, que reúne projeções e dança, ao mesmo tempo em que enfrenta problemas no relacionamento com a esposa, Ema (Mariana Di Girolamo), uma bailarina que integra sua equipe. Há pouco tempo ambos devolveram à adoção o jovem Polo, após ele ter causado um incêndio em casa que queimou boa parte do rosto da irmã de Ema. A situação criou entre eles uma imensa lacuna e, sem conseguirem se entender e cansados de procurar um caminho para aquela relação,  decidem se separar. 

Larrain tem uma linguagem própria e está construindo uma bela carreira em cima de suas particularidades: o de tocar em assuntos diversos e seus tabus sempre com muita criatividade e cuidado. A condução é envolvente, e o texto, mesmo sendo direto e cristalino esconde intenções assim como os personagens não revelam as próximas ações. A fotografia - como se estivéssemos dentro de um filtro do Instagram - assim como a luz, numa profusão de cores, contribuem para uma experiência quase que sensorial. É impossível não ser tomado pela imagem antes mesmo da palavra nessa nova empreitada do cineasta.

E por falar em imagem, é notável não só a escolha das locações como os elementos em cena, o som, ou mesmo o movimento dos corpos em uma dança contemporânea na tela. O primeiro frame - um semáforo em chamas - introduz a personalidade incendiária dessa mulher que não mede esforços ou aceita limites para alcançar o que quer. O debate entre índole e vontade é a proposição de um discurso que esbarra em sexualidade, maternidade e paixão. O fogo na história introduz os sentimentos da protagonista e sua vocação em ser imparável. O lança chamas com que as vezes desfila é a representação do ímpeto de vencer seus obstáculos. Aliás, Ema parece não conhecê-los. 


Super Vale Ver !



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