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Dica do PapO: 'Memórias de um Assassino' | 2003

Por Eduardo Machado @históriadecinema


Poucos duvidam que Bong Joon-Ho seja o cineasta mais badalado da atualidade. Vencedor de 3 Oscars por “Parasita”, foi o responsável por quebrar o tabu da Academia de não premiar filmes “estrangeiros” na categoria principal, o que atiçou a curiosidade de cinéfilos mundo afora, que não conheciam a obra do coreano.

A filmografia do cineasta não é das mais extensas, contendo apenas 7 longas, sendo o primeiro deles a comédia “Cão Que Ladra Não Morde” datada do ano 2000. Seu primeiro sucesso, no entanto, foi mesmo “Memórias de um Assassino”, lançado três anos mais tarde, no qual reconta, à sua maneira, a história real de um “serial killer” que deu fim à vida de 10 mulheres em um período de 5 anos, entre 1986 e 1991.


Embora filmes sobre “serial killer” não sejam novidade, o longa coreano trabalha a narrativa de forma bem diferente do padrão Hollywoodiano, aproximando-se das características que viriam, mais tarde, se tornar marcas registradas de Bong Joon-Ho, como a tragicomédia e as críticas sociais.

Considerando que, à época dos fatos, a Coréia do Sul, assim como o Brasil, vivia um período de redemocratização, a difícil investigação é rodeada de uma crítica à incompetência policial, a qual tem como pano de fundo o contexto político do país. No mesmo passo, o diretor esquadrinha um minucioso estudo de personagem, não do criminoso, como seria usual, mas dos detetives responsáveis pelo caso.

O longa tem um ritmo que pode até ser considerado oscilante, mas não cansa o espectador, que ainda é premiado com um final irônico que só poderia mesmo ter sido escrito por Bong Joon-Ho. “Memórias de um Assassino” é a mais irrefutável prova de que a boa fase do cinema sul coreano não começou ano passado. 




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