Dica do Papo: 'Duna' Versão Estendida | 1984
Por Rogério Machado
Estamos prestes a ganhar uma nova versão de 'Duna' ainda este ano. Se tudo der certo, (é preciso essa condicional num ano como esse) o longa com a direção do renomado Denis Villeneuve chega aos cinemas (amém?) em dezembro, e pelos deuses cinéfilos tem tudo pra ter êxito a empreitada, pois sabemos o quão competente é o cineasta canadense.
'Duna' marcou a carreira da lenda David Lynch, mas não assim, tão positivamente: o filme na ocasião do seu lançamento foi detonado pela crítica especializada e também pelo púbico. O motivo é que as comparações com a obra de Frank Herbert, cuja primeira edição foi lançada em 1965, seriam inevitáveis. O livro é uma das maravilhas da literatura mundial, mas me parece que os problemas vão muito além da adaptação para as telas em si, passa também por desentendimentos internos entre produção e direção. Assisti a tão turbulenta versão estendida, cuja emenda saiu pior do que o soneto, nela foram reincorporados cerca de 40 minutos de cenas inéditas, incluindo um prólogo que tenta explicar os acontecimentos anteriores aos abordados no filme, utilizando para isso uma narração sobre alguns parcos desenhos de produção.
A história é centrada em Paul Atreides (Kyle MacLachlan), filho de um popular duque que recentemente recebeu o controle do planeta Arrakis, também conhecido como 'Duna'. O filme começa com uma narração explicando que Dune é a única fonte de um tempero. chamado “melange”. Esse tempero é incrivelmente valioso, pois possui capacidades de alterar a mente e a capacidade de dobrar o espaço, permitindo viagens instantâneas no espaço. O imperador Shaddam, que governa o universo e teme uma revolta, instala o duque Atreides em Arrakis, planejando secretamente atacá-lo e acabar com toda a casa Atreides. Paul, que tem sonhos vívidos profetizando o futuro, alia-se ao povo nativo de Dune, conhecido como Fremen, para repelir o ataque do imperador. Os Fremen acreditam que Paul é o tão esperado Messias, e que ele os salvará do domínio tirânico do Imperador.
Entre os grandes problemas do filme, está uma adaptação que traz muito do livro para a tela. Isso poderia ser bom , mas nesse caso foi o fator que mais prejudicou a produção: só os grandes fãs que tem contato com a obra escrita é que conseguiram entender o longa que , prejudicado pela montagem e edição, fizeram da obra uma colcha de retalhos cheias de personagens, casas e planetas que fica complicado pegar o fio da meada. Para o resto sobrou pouco mais do que os deslumbrantes desenhos de produção, o figurino belíssimo e a atuação precisa de um elenco excepcional, que incluem nomes como Max Von Sydow, Patrick Stewart, Sting, Virginia Madsen e Linda Hunt.
Muitas razões foram levantadas para explicar o naufrágio do projeto, entre elas os sucessivos cortes na metragem que o produtor Dino de Laurentis obrigou Lynch a fazer. De um original de mais de 3 horas e 40 de projeção, 'Duna' resultou numa salada indigesta e praticamente incompreensível de duas horas. Mas porque a dica de um filme ruim, produção? Bem, porque nesse caso podemos justificar que 'Duna' entra para aquela lista de filmes que são ruins sim, mas que se tornam cult ao longo dos anos e portanto obrigatórios. E claro, vale também como uma espécie de apresentação para a nova versão sob o olhar de Villeneuve. Será que ele conseguirá uma adaptação mais palatável da obra de Frank Herbert? Já estamos na torcida.
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