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O apelo musical é válido, mas não sustenta 'Ya no Estoy Aquí', novo filme Netflix | 2020

NOTA 6.5

Por Rafael Yonamine @cinemacrica


O som latino é o que ecoa nesse recorte da periferia de Monterrey. Apesar de se situar no México, a raiz musical, a cúmbia, tem origem colombiana. Esse é um dos primeiros e grandes elementos retratados e que norteiam a audiência a se contextualizar acerca da pluralidade de facções que a periferia de uma cidade pode agregar. Ou seja, a cultura marginal não é homogênea, além das diversas dissociações culturais, há também espaço para desavenças.


Esse é o ambiente em que nasce e cresce Ulises. Embalado pela cúmbia, estilo que preenche a lacuna musical da gangue que pertence, o protagonista também é um dos pivôs da contextualização cultural. A começar pelo estilo, que percorre o modo de se vestir e o corte de cabelo bastante distinto, somos introduzidos também às normas sociais vigentes. A primeira parcela, que corresponde ao enunciamento de elementos culturais diferenciadores como a música e a aparência, cumpre com o objetivo de enriquecer o roteiro que circunda o alvo de retratar a vida de um jovem na periferia. Contudo, o que vem além disso, como o desenvolvimento da dinâmica periférica ou aprofundamento psicológico de Ulises, é superficial.

O artifício musical tem seus pontos altos. Além de popular de forma competente o hiato sonoro, também preenche funcionalmente o enredo na parcela que o compete. A cúmbia é a responsável por dar volume ao ânimo do protagonista ao longo da sua jornada truculenta. São bem rodadas as cenas que, de forma pueril, desconectam por minutos as pessoas da marginalidade. Apesar disso, mesmo desempenhando a função motivadora, a responsabilidade narrativa recai de forma demasiada nesse recurso de forma que algumas proposições como o escapismo da realidade fiquem vagos.

Se assimilar bem a sinopse e o trailer, considere que o que o longa oferece nada mais é do que a expansão dessa amostra. Elementos previsíveis da vida na periferia são trazidos a tona e repetidos continuamente, sem grandes intervenções. Também é raso o aprofundamento dramático do protagonista. A impressão é a de que as notas latinas e os passos de dança preencheriam os subtextos do enredo, mas o saldo é uma obra musicalmente aliciadora e dramaticamente insensível.


Vale Ver Mas Nem Tanto !



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