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O custo de uma mentira em 'O Filho Uruguaio' | 2018

NOTA 9.0

Por Rogério Machado


De Olivier Peyon, 'O Filho Uruguaio',  que passou pelo cinemas brasileiros em 2018 no Festival Varilux de Cinema Francês daquele ano, à primeira vista parece ser só mais um drama familiar, desses que abordam encontros e desencontros. Contudo, ao longo da trama, - e mesmo após os créditos subirem- , realizamos que a história, tão delicadamente mostrada, provoca reações, divagações e sentimentos que ficam difíceis de serem definidos somente com palavras. O filme, que está disponível no Looke em uma edição especial do Festival esse ano por conta da pandemia, merece atenção sobretudo de quem aprecia o cinema europeu e latino. 


Na trama conheceremos Sylvie (Isabelle Carré), uma francesa que teve seu filho,  Felipe (Dylan Cortes) , sequestrado pelo pai uruguaio há quatro anos, logo após o divórcio do casal. Decepcionada com a polícia francesa, que chegou a fazer o rastreamento, mas os deixou escapar, ela decide fazer justiça com as próprias mãos e aporta na América do Sul, mais precisamente em Montevidéu,  para recuperar o menino com o auxílio de um assistente social Mehdi,  (Ramzy Bedia).

A condução de Peyon não tem pressa em ir nos apresentando o desenrolar da trama, -que vai crescendo diante do público e nos obrigando também a escolher um lado naquele impasse-, e isso é bastante salutar ao drama.   Ao assumir uma narrativa que vai de certa forma lançando dúvidas sobre as verdadeiras intenções da mãe, por não ter procurado o filho antes desses quatro anos, e ao mistério em torno da morte do pai e do sequestro do menino, o longa vai conquistando o interesse do expectador acerca do passado que aos poucos vai sendo desenhado na nossa frente. 

'O Filho Uruguaio' é preciso ao deixar seu recado ao público: o que uma mentira não é capaz de fazer com o futuro de qualquer pessoa: nesse caso uma mentira que privou uma mãe de ver seu filho crescer, e do filho de ter o carinho de mãe. A dor generalizada respingou em terceiros; o que invariavelmente acontece. A visão do cineasta,  sem procurar culpados ou nomear vilões, é outro quesito positivo a ser ressaltado: a produção se desvencilha do maniqueísmo habitual e apresenta uma história que envolve ao mesmo tempo em que realoca julgamentos para um segundo plano. 


Super Vale Ver !


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