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'O Poder de Diane' leva o termo empoderamento às alturas | 2018

NOTA 8.5

Por Rogério Machado

O politicamente correto definitivamente não tem lugar no filme de estreia do diretor e roteirista Fabien Gorgeart. Em 'O Poder de Diane', que foi destaque no Festival Varilux de Cinema Francês em 2018 e está disponível gratuitamente no Looke na edição desse ano, tem muito a dizer sobre empoderamento e liberdade. Padrões só existem na cabeça de quem os cria, e Diane, nossa protagonista,  dá aula na arte de quebrá-los. 


Na história Clotilde Hesme é Diane,  uma jovem mulher meio perdida na vida e totalmente sem freios e papas na língua. Entre uma festa e outra e pegações sem fim, ela decide servir como a barriga de aluguel para Thomas (Thomas Suire) e Jacques (Gregory Montel), um casal de amigos de longa data. Durante a gestação, ela se muda para a casa dos avós no campo afim de reformá-la e conhece Fabrizio (Fabrizio Rongione), um eletricista local. Enquanto ela se prepara para dar a luz, os dois iniciam um romance improvável.

Já na primeira cena fica claro que presenciaremos uma mulher desligada de rótulos, regras e convenções. Porém, também sentiremos que ela não dá espaço pro coração, não se permite ao romance. Isso muda quando ela conhece Fabrizio , mas ainda sim é arredia e não demonstra sentimentos. A narrativa trabalha em cima de seu temperamento e de como ela tenta domar impulsos que poderiam revelar a fragilidade (pelo menos para ela), que é se deixar levar pela paixão. 

Diane decidiu ser barriga de aluguel e verbaliza que sua cabeça e sua barriga funcionam em separado. Gorgeart constrói sua trama sem cair no erro de romantizar a relação de Diane com a maternidade, o que pode chocar os adeptos do 'politicamente correto' (ou quem sabe àqueles dados a sensibilidade) pela frieza da personagem e sua relação com aquele momento. A contagem de tempo (que pontuam os meses de gestação), nada mais é do que um modo criativo de nos introduzir ao universo de Diane e de como ela encara aquele tempo em 'off', assim como suas relações. Inevitavelmente isso gerará um conflito entre Diane e Fabrizio, já que é notado que ele deixa transparecer sua ilusão de formar uma nova família. 

Diane leva até às últimas consequências a máxima 'meu corpo, minhas regras': A coragem de levar isso às telas e bancar a ideia até o final, já é um super ponto à favor da obra. 


Vale Ver !


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