Dica Telecine : 'No Calor da Noite' | 1967
Por Rogério Machado
Sidney Poitier pode ser considerado sem esforço uma lenda viva do cinema. Com 93 anos , o ator tem um currÃculo repleto de grandes trabalhos que lhe renderam muitos prêmios. Poitier foi o primeiro ator negro a ser indicado ao Oscar de Melhor Ator, por 'Acorrentados' (1958), e o primeiro a ganhar a estatueta por 'Uma Voz Nas Sombras' (1963). Alto e de porte charmoso, o ator estrelou mais de 50 produções e carimbou o poder negro na sétima arte com no mÃnimo seis grandes filmes que até hoje são lembrados: entre eles 'Ao Mestre com Carinho' (1967) e 'No Calor da Noite', que levou 5 Oscars em 1968 - inclusive o de Melhor Filme - e é o destaque da Dica Telecine de hoje.
A trama tem seu ponto de partida quando Philip Colbert (Jack Teter), um grande empresário prestes a estabelecer uma empresa em Sparta, uma cidade do Mississipi, é morto. É o policial Sam Wood (Warren Oates) que encontra o corpo e tenta achar um culpado. Ao ver na estação de trem um negro bem vestido, Virgil Tibbs (Sidney Poitier), ele é preso como suspeito sem chance de argumentar. Quando Sam vê que Tibbs tinha uma quantidade incomum de dinheiro para um negro de Sparta, o policial fica certo que encontrou o assassino. Mas ao chegar na delegacia, o xerife Bill Gillespie (Rod Steiger) descobre, para seu espanto e constrangimento, que Virgil é um detetive da polÃcia da Filadélfia, que visitava sua famÃlia.
A grande ironia reside no fato de que Virgil é um expert em homicÃdios e recebe ordens do seu superior para ajudar no caso. A ação haveria de desagradar a Gillespie , que nunca imaginaria trabalhar em um caso junto com um policial negro. Para deixar mais tensa a situação Leslie Colbert (Lee Grant), a viúva da vitima, vê a ineficiência da polÃcia de Sparta e exige a presença de Virgil nas investigações. Gillespie odeia a ideia, mas há uma grande pressão para o caso ser solucionado, assim, aceita a colaboração de Virgil.
Pouco a pouco, o delegado truculento daquele lugar vai reconhecer que precisa aprender muito com aquele policial negro, e um grande respeito (ainda que não verbalizado) surge entre eles. Virgil passa a enxergar de forma diferente Gillespie, percebe que ali há decência e compaixão e que ele só replicava a atitude da massa. Só que deixar um negro empoderado interferir no curso habitual da cidade, seria arriscado para todos, principalmente em se tratando do Mississipi.
O dedo do cineasta Norman Jewison vai fundo na ferida quando confronta um oficial negro, que é autoridade em sua função, com uma unidade policial inteira que não tem nem de longe o mesmo know-how do forasteiro. Não só a entidade, como toda a comunidade racista haverá de engolir a seco sua superioridade e a cor da pele para solucionar o caso. Episódios de violência fÃsica e verbalizada são presentes na narrativa, e Poitier, na pele do detetive, exala altivez e confiança. Não temos um personagem que se deixa intimidar, muito pelo contrário, ele é quem intimida.
'No Calor da Noite' é uma obra que anda na contramão de muitos filmes no gênero, que empoderam o negro ao invés de vitimizá-lo para gerar empatia alheia. Jewison leva o black power às alturas.
A grande ironia reside no fato de que Virgil é um expert em homicÃdios e recebe ordens do seu superior para ajudar no caso. A ação haveria de desagradar a Gillespie , que nunca imaginaria trabalhar em um caso junto com um policial negro. Para deixar mais tensa a situação Leslie Colbert (Lee Grant), a viúva da vitima, vê a ineficiência da polÃcia de Sparta e exige a presença de Virgil nas investigações. Gillespie odeia a ideia, mas há uma grande pressão para o caso ser solucionado, assim, aceita a colaboração de Virgil.
Pouco a pouco, o delegado truculento daquele lugar vai reconhecer que precisa aprender muito com aquele policial negro, e um grande respeito (ainda que não verbalizado) surge entre eles. Virgil passa a enxergar de forma diferente Gillespie, percebe que ali há decência e compaixão e que ele só replicava a atitude da massa. Só que deixar um negro empoderado interferir no curso habitual da cidade, seria arriscado para todos, principalmente em se tratando do Mississipi.
O dedo do cineasta Norman Jewison vai fundo na ferida quando confronta um oficial negro, que é autoridade em sua função, com uma unidade policial inteira que não tem nem de longe o mesmo know-how do forasteiro. Não só a entidade, como toda a comunidade racista haverá de engolir a seco sua superioridade e a cor da pele para solucionar o caso. Episódios de violência fÃsica e verbalizada são presentes na narrativa, e Poitier, na pele do detetive, exala altivez e confiança. Não temos um personagem que se deixa intimidar, muito pelo contrário, ele é quem intimida.
'No Calor da Noite' é uma obra que anda na contramão de muitos filmes no gênero, que empoderam o negro ao invés de vitimizá-lo para gerar empatia alheia. Jewison leva o black power às alturas.
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