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Dica Telecine : 'Stonewall: Onde o Orgulho Começou' | 2016

Por Rogério Machado 


Os tempos hoje são outros, mas pra muitos ainda são como aqueles tempos em que gays, lésbicas, travestis e afins eram marginalizados por ser quem são e que sofriam violência por conta disso. Sim, alguns avanços foram feitos: hoje existem leis que tornaram a homofobia crime e que legalizaram o casamento entre iguais, além de não deixar que ninguém seja discriminado profissionalmente ou demitido por ser diferente dos padrões impostos por uma sociedade patriarcal e preconceituosa. 

Se  a comunidade pode ver hoje esses avanços, isso se deve a um acontecimento que explodiu em 1969. A Revolta de Stonewall se tornou o marco mais representativo das lutas pelos direitos LGBTQIA+. Naquele ano, há cinco décadas, os frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova York, decidiram se rebelar contra a opressão policial que frequentemente assolava o público do lugar. 'Stonewall: Onde o Orgulho Começou', de Roland Emmerich ('O Dia Depois de Amanhã'-2004) é uma trama romanceada (com algumas figuras reais) que usa como base esse movimento histórico contra o preconceito no limiar dos anos 70. 


Na trama que se passa no fim dos anos 1960, conheceremos o jovem Danny Winters (Jeremy Irvine). Danny é um jovem tímido, tem poucos amigos, mas nutre uma paixão secreta e proibida por Joe (Karl Glusman), um requisitado quarterback numa escola no interior dos E.U.A. Eles se encontram sempre às escondidas, mas num desses encontros os rapazes são flagrados por dois amigos. Com o segredo vindo à tona, Danny é expulso de casa e parte para Nova York, onde irá conhecer outros como ele. Aí então que ele começa a descobrir novas ideias políticas e as dificuldades da vida adulta, às vésperas da rebelião de Stonewall, quando lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros enfrentaram a polícia de Nova York. 

O ato , que na época foi nomeado de Marcha Pela Libertação dos Gays, deu origem ao que chamamos de Parada do Orgulho LGBT, que hoje se espalhou pelo mundo. É bem verdade que muitas das paradas pelo mundo afora perderam o caráter político, mas ainda sim vejo que continua sendo importante seguir mostrando que a comunidade tem consciência sobre seu lugar na sociedade e que não precisa mais se esconder. 

A Revolta partiu de uma das muitas batidas sofridas pelo local, que era o único bar gay de Nova York que ainda resistia na cidade. Nesse dia, de tanto sufocarem pela violência desregrada da polícia que pedia propina pra manter o local aberto, um grande motim começou e só à partir daí que a voz da comunidade gay começou a ser mais ouvida e (possivelmente) menos achacada por policiais corruptos. Detalhes sobre esse episódio histórico, encontrei nesse site com direito à fotos e muitas outras curiosidades. 

No que diz respeito à obra em questão, que tem roteiro de Jon Robin Baitz, é preciso deixar claro que o filme perde a oportunidade de se tornar um marco para as novas gerações. A contextualização em alguns perfis é válida, mas o contexto onde se encerem segue uma narrativa pasteurizada, possivelmente para alcançar o grande público. A trajetória do protagonista é vacilante, ingênua, e não carrega a força que imaginamos em uma história tão importante e repleta de significados que reverberam até os dias de hoje. Entretanto, é interessante acompanhar alguns personagens reais que trilharam novos rumos à partir daquele evento, como o agenciador de michês Ed Murphy (Ron Perlman), que mais tarde se tornou um ferrenho ativista pelos direitos dos gays. 

'Stonewall: Onde o Orgulho Começou', é puro e simples entretenimento, mas em todo caso, serve para aguçar nossa curiosidade para buscar saber mais sobre o acontecimento, que  tem grande representatividade para aqueles que têm orgulho de serem quem são. 


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