'7500' nos leva às alturas com um thriller psicológico enxuto e atordoante | 2020
NOTA 8.5
Por Karina Massud @cinemassud
Parecia um vôo calmo de Berlim rumo à Paris, mas assim que os passageiros embarcam no avião, o terror embarca junto e parece impossível contorná-lo. Dentro do espaço mínimo da cabine estão o piloto e o co-piloto Tobias checando todos os equipamentos pra levantar vôo quando um terrorista invade o cockpit enquanto seus comparsas pegam como reféns as aeromoças e passageiros.
A produção é simples mas muito bem bolada: tudo se passa na cabine apertada do começo ao fim e se apóia na competente direção de Patrick Volrath, que dosa drama pessoal e suspense com perfeição, e na atuação extraordinária de Joseph Gordon-Levitt, que exala desespero pelas vidas em jogo mas frieza para executar seu dever e salvar o avião; e outra performance igualmente ótima é a do pobre coitado terrorista adolescente que parece estar lá de gaiato junto dos demais, ele titubeia todas as vezes que recebe uma ordem para matar ou agredir pois é um cidadão pacato e não quer morrer participando de uma missão terrorista.
Um clichê cansativo e fora de moda é o fato dos terroristas serem muçulmanos raivosos clamando por Deus na missão suicida e culpando os ocidentais por massacrarem seu povo. Vivemos outros tempos e culpar o Talibã por tudo soa datado demais, usar a religião pareceu uma solução simplista para a falta de criatividade na hora de criar o motivo do ataque. Mas relevem, pois apesar disso a emoção é garantida.
A trama é avassaladora não só pela claustrofobia dentro da cabine e das imagens limitadas da câmera de segurança, mas principalmente pelo dilema moral de Tobias: salvar os passageiros (sua obrigação indiscutível) ou salvar sua mulher e mãe do seu filho, uma escolha que já está feita mas que dói profundamente. Ele causa identificação imediata com o espectador pois é um homem comum que cai num turbilhão emocional quando tem de encarar esse dilema imposto pelo ataque terrorista. Sua salvação e também desgraça é a cabine impenetrável, à prova de tudo para assegurar que o avião seja dirigido e pousado em quaisquer circunstâncias, inclusive na 7500, que quer dizer “sequestro” no código de aviação.
O clima é ultra-tenso e a violência não dá trégua nos acertados 90 minutos do filme de estreia do diretor Patrick Vollrath, que entrega um thriller poderoso e eficiente em nos deixar roendo as unhas.
Vale Ver !
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