Adsense Cabeçalho

Dica Telecine : 'Três Homens em Conflito' | 1966

Por Rogério Machado 


O primeiro faroeste produzido no cinema é datado de 1903. O gênero veio a tomar proporções gigantescas na Era de Ouro em Hollywood e deu origem a grandes filmes que catapultaram muitos atores ao estrelato, entre eles John Wayne e Burt Lancaster. Com o sucesso , a Europa também se aventurou no gênero, e foi aí que surgiu uma espécie de sub-gênero: o 'western spaghetti', cujo maior representante foi o grande cineasta italiano Sérgio Leone. É de Leone um dos grandes exemplos de obras ambientadas no Velho Oeste: 'Três Homens em Conflito', o fechamento da chamada 'Trilogia dos Dólares', estrelada por Clint Eastwood. 


A trama se passa no auge da Guerra Civil Americana, quando um misterioso pistoleiro, Blondie (Eastwood), vaga pela fronteira do oeste. Ele não possui um lar, lealdade ou companhia... Até que encontra dois estrangeiros, Tuco (Eli Wallach e  Olhos de Anjo (Lee Van Cleef), que são tão brutos e desapegados quanto ele. Unidos pelo destino, os três homens juntam suas forças para tentar encontrar uma fortuna em ouro roubado. Mas trabalho em equipe não é uma coisa natural para voluntariosos pistoleiros, e eles logo descobrem que seu maior desafio é concentrar-se em sua perigosa missão - e em manterem-se vivos - atravessando um país arrasado pela guerra.

Se Sérgio Leone se tornou um dos principais nomes no gênero quando falamos em direção, Eastwood se sagrou como referência no western quando pensamos numa estrela que o represente à altura.  Eastwood, um dos grandes galãs de Hollywood, confere garbo à um gênero que não se apega à estética por razões óbvias, mas nem por isso deixa de ser belo. Sujo, rasgado, ferido e num ambiente inóspito, mas ainda sim absurdamente elegante, exalando testosterona, numa performance que imprimiu um estilo e perpetuou um legado. 

Não dá pra falar da obra e não citar Ennio Morricone. O maestro italiano cravou no imaginário cinéfilo uma trilha sonora que não se apaga da nossa mente e funciona como uma espécie de identidade para o gênero. É impossível falar em faroeste e não lembrar dos acordes compostos especialmente para a super-produção. 

O aparato técnico da obra é impressionante para os moldes da época e proporciona uma experiência imersiva, algo incomum para o western. Se a história é simples, na transformação em filme é que se nota a genialidade de Leone, que usou técnicas e movimentos de câmera bastante ousados. Algumas sequencias do filme são antológicas, como o triplo duelo no cemitério. A passagem de imagem de rostos e mãos dos duelistas, aliado à atordoante música de fundo, é impressionante. Outra cena estranha e fascinante é quando Tuco percorre o cemitério, procurando a sepultura onde estaria escondido o tão almejado ouro. O ritmo alucinante da câmera consegue traduzir toda a emoção e ansiedade do personagem.

'The Good, The Bad and The Ugly' (título original muito melhor inclusive) se confunde com a história do western e é uma obra inestimável. O filme, assim como toda a trilogia, está disponível no streaming do Telecine. 



Nenhum comentário