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'O Chalé' : pertubador terror psicológico é uma armadilha claustrofóbica | 2020

NOTA 7.0

Por Sérgio Ghesti @meuhype 


"O Chalé" se inclui naquele famoso caso de filme que se perde na confusa janela de lançamentos no Brasil: passou pelo Festival de Sundance no começo de 2019, entrou em circuito limitado nos EUA e nunca tinha dado as caras oficialmente por aqui. No Brasil o filme surge distribuído pela Sony e direto em VOD (Aluguel Digital). O filme é a estreia americana da dupla responsável pela direção do aclamado filme "Boa Noite, Mamãe!" (2014), terror austríaco que virou um clássico instantâneo em sua época de lançamento, com relativo sucesso entre a crítica e com os fãs de um terror mais sério e contemplativo. 

Este estilo ganhou cada vez mais força principalmente por títulos como "A Corrente do Mal" e "Babadook", lançados também em 2014, e depois com "A Bruxa" (2015) e "Hereditário" (2018). "O Chalé" investe neste tipo de terror, sendo recomendado para aqueles que apreciaram os  títulos citados acima. A beleza da estética fria, solitária e monótona é a solução encontrada para segurar uma trama simplória mas com bons truques. A violência gráfica que assusta e choca já no início do filme, também é arquitetada em detalhes, que mesmo simples se tornam bem tenebrosos, ainda que se percam em uma cansativa armadilha de "plot twist" no ato final.


Na trama, depois que Richard (Richard Armitage) diz a sua esposa (Alicia Silverstone) que  quer o divórcio, ele termina por ficar em definitivo com as crianças. Os filhos do casal, Aiden (estrela de "It", Jaeden Lieberher) e Mia (Lia McHugh) mal têm tempo para se adaptar a mudança antes do pai anunciar planos de se casar com sua nova namorada, Grace (Riley Keough), que escapou da morte em um culto evangélico extremista que serviu de assunto de um dos livros escritos pelo futuro marido. As crianças demonstram pouco interesse no novo romance do pai, mas ele está interessado em estabelecer uma oportunidade para eles se relacionarem, e planeja que eles passem alguns dias juntos em uma cabana de inverno no feriado natalino. Tentando aproveitar a situação para realizar uma maior aproximação, Grace percebe que terá problemas quando diversos eventos atípicos e bizarros começam a tomar conta do local isolado e rodeado de neve, quando Richard precisa trabalhar e ela fica sozinha com as crianças. Enquanto as crianças começam a se entender com sua futura madrasta, alguns acontecimentos ameaçam desenterrar demônios do passado de Grace, da época em que ela era membro do culto religioso sinistro. 

A expressão atordoada de Grace sugere que ela ainda está se recuperando de suas próprias lutas passadas, o filme avança em momentos subjetivos e no clima inquietante de mistério. A primeira virada na história, por exemplo, muda a natureza do ambiente dos personagens e os leva ao modo de sobrevivência. O filme desperdiça várias possibilidades durante grande parte de seu tempo de execução, a escolha de não desenvolver o suficiente nenhum de seus três personagens principais não torna o mistério da história mais interessante. Esses jogos mentais com personagens indefinidos se tornam vazios na revelação final, mas isso não quer dizer que o filme não tenha uma atmosfera assustadora, ou  não torne a viagem menos agoniante. 

Sua imersão acontece em detalhes como uma bizarra casa de bonecas onde as crianças brincam, a neve e seu aspecto sufocante ou nos corredores estreitos e sombrios onde Grace vagueia no chalé após o anoitecer. Conforme os personagens ficam mais desesperados com seu isolamento, as poucas opções surgem para o inevitável confronto final onde o pior cenário possível acontece em direção ao clímax escuro em uma trajetória dramática e quase sem rumo."O Chalé" acaba por ser uma boa produção, mas imperfeita nas escolhas. 


Vale Ver !




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