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Dica Telecine: 'Yonlu' | 2018

Por Rogério Machado 

Estrelado pelo talentoso Thales Cabral, 'Yonlu', que está disponível no streaming da Rede Telecine, remonta um caso real de suicídio assistido em 2006 em Porto Alegre, no sul do país. O longa do estreante Hique Montanari é um drama biográfico que narra os últimos dois meses de vida de um jovem músico que foi destaque  no cenário alternativo, inclusive internacionalmente. É preciso ser claro: o longa tem fala pesada e direta, mas ao mesmo tempo aborda com criatividade o tema. 



Na história Vinícius Gageiro Marques, de nome artístico Yonlu, é dono de grande talento como poeta, músico e desenhista. O rapaz, um gênio que domina quatro idiomas, que escreve seus poemas em inglês e faz sucesso na internet tocando suas músicas, sente-se deslocado socialmente e melancólico diante da vida. Para tentar superar essas dificuldades, começa a fazer análise aos oito anos. Aos 16, num momento de maior fragilidade, procura uma maneira de dar fim a sua vida apoiado por um grupo de internautas em um site no qual são expostos métodos de suicídio.

Preciso confessar que não conhecia o artista, mas ainda que leigo em relação ao seu histórico, não é difícil se envolver com a trama de Montanari, que evoca o melhor do cinema indie pra contar sua história. A montagem se revesa entre letras de músicas, canções de Yonlu e sua artes , que aqui ganham movimento na fotografia de muito bom gosto de Juarez Pavelak. A fotografia e a edição por sua vez, são a vedete de 'Yonlu', pois não só dão acabamento diferenciado à produção como auxiliam na narrativa.

Antes da cena de abertura um aviso: 'este filme trata de suicídio. Recomendamos que tenha cautela ao assistir se estiver pensando em suicídio ou sofrimento emocional intenso'.  E logo em seguida, os créditos orientam a procurar ajuda e deixa um telefone e um endereço de web. Essa orientação não é um exagero uma vez que a abordagem não economiza em uma linguagem clara e objetiva acerca do tema. As canções e os desenhos depressivos de Yonlu assim como a narrativa quase didática sobre suicídio, é demasiado pesada, mas se destrincha com responsabilidade, servindo como um instrumento social, uma das funções mais lindas que o cinema poderia ter.

O filme faz um alerta quanto ao uso da internet e ao círculo social dos jovens nos dias de hoje, desnuda todo um sistema vicioso que causa solidão, mas administra o peso do tema com lucidez e lirismo. Características antagônicas que em 'Yonlu' estranhamente se conectam com um objetivo nobre.





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