'Inocência Roubada' é uma tocante história sobre os efeitos terríveis da pedofilia | 2019
NOTA 8.0
Por Rogério Machado
Odette coloca seu corpo à serviço da arte. A menina que desde pequena sonha em ser bailarina, coincidentemente carrega o nome do cisne branco do famoso balé 'O Lago dos Cisnes'. Mas enquanto ela se lança com liberdade ao vento com suas criações coreográficas, algo nela ainda está acorrentado ao passado, ligado à um tempo de uma dor que não passa com os anos. Sim, 'Inocência Roubada', que está disponível na edição on line do Festival Varilux esse ano, é um grito de alerta contra a pedofilia.
Odette, aos oito anos, (Cyrille Mairesse) gostava de pintar e desenhar, como toda criança inocente, mas também amava dançar e sonhava em ser como o grande bailarino russo Rudolf Nureyev. Eventualmente, ela também brincava com os adultos, por isso não recusou participar de uma "guerra de cócegas" com Gilbert (Pierre Deladonchamps) um homem mais velho, amigo e vizinho de seus pais. Anos mais tarde, Odette (Andréa Bescond) é uma adulta assombrada pelos traumas da infância, algo que ela vem tentando esquecer através da dança, sua profissão.
Histórias reais de pedofilia no cinema costumam habitar em narrativas mais densas, que se fiam pelo drama e apostam em atuações soturnas e carregadas, mas no filme com direção da própria Andréa Bescond junto com Métayer, temos justamente o contrário: ainda que carregue uma certa timidez, a atriz que vive a personagem jovem, transparece a inocência habitual de uma criança, e quando adulta, vai na contramão da verve dramática, demonstrando até empoderamento e direção de seus passos, ainda que exiba notas de desconforto, e à partir daí precise dos serviços de uma terapeuta.
É nesse ponto onde a produção apresenta originalidade e mostra que pode-se trabalhar em temas pesados com representações solares e até com certo humor, muito embora os flash backs nos levem de volta à dor que acompanha a vida da personagem. A montagem é dinâmica e liga passado a presente de modo criativo, fluido e - já que estamos falando de uma bailarina - com intervenções em performances que conversam bem com a carga dramática daquele momento. 'Inocência Roubada' perde a oportunidade de ser enfático em algumas questões na trajetória da personagem, mas ainda sim detém o mérito de não ser hermético, como muitas obras que abordam temas polêmicos.
Vale Ver !
Histórias reais de pedofilia no cinema costumam habitar em narrativas mais densas, que se fiam pelo drama e apostam em atuações soturnas e carregadas, mas no filme com direção da própria Andréa Bescond junto com Métayer, temos justamente o contrário: ainda que carregue uma certa timidez, a atriz que vive a personagem jovem, transparece a inocência habitual de uma criança, e quando adulta, vai na contramão da verve dramática, demonstrando até empoderamento e direção de seus passos, ainda que exiba notas de desconforto, e à partir daí precise dos serviços de uma terapeuta.
É nesse ponto onde a produção apresenta originalidade e mostra que pode-se trabalhar em temas pesados com representações solares e até com certo humor, muito embora os flash backs nos levem de volta à dor que acompanha a vida da personagem. A montagem é dinâmica e liga passado a presente de modo criativo, fluido e - já que estamos falando de uma bailarina - com intervenções em performances que conversam bem com a carga dramática daquele momento. 'Inocência Roubada' perde a oportunidade de ser enfático em algumas questões na trajetória da personagem, mas ainda sim detém o mérito de não ser hermético, como muitas obras que abordam temas polêmicos.
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