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'Blow The Man Down': uma crônica excêntrica sobre crimes e segredos ao som de marinheiros | 2020

NOTA 8.0 

Por Karina Massud @cinemassud 


Embalados o som de um belo coral de marinheiros entoando cânticos ingleses tradicionais, a trama de “Blow The Man Down” ( que quer dizer “atire o homem ao mar” ou “afunde o navio”) nos leva à uma fria e chuvosa cidadezinha de pescadores no litoral dos EUA, onde conhecemos as irmãs Priscilla (Sophie Lowe) e Mary Beth (Morgan Saylor). Elas acabaram de perder a mãe, a casa está caindo aos pedaços e com a hipoteca atrasada, a peixaria que herdaram mal paga as contas, o dinheiro acabou, e, pra piorar, um encontro  com um cara violento acaba muito mal; elas se vêem envolvidas num assassinato e a bagunça está instalada.


O mergulho numa rede de crimes e segredos é imediato, ali a vida não era tão pacata como parecia e sempre rolou um jogo de poder. Todos no vilarejo tem algo a esconder e a maioria vive de aparências,  como em todo lugar provinciano onde as pessoas não têm muito o que fazer além de cuidar da vida alheia. No centro do imbróglio está a senhora Enid (a espetacular Margo Martindale), dona de um estabelecimento-fachada para prostituição  e melhor amiga da falecida mãe das meninas, ela coloca mais personagens na jogada numa ótima subtrama que complica a vida das irmãs ingênuas que só agora parecem ter caído na real.

A ambientação é perfeita, o tempo é chuvoso e cinzento com fotografia granulada, dá pra sentir o frio nos ossos e a poderosa maresia enferrujando tudo. A trilha sonora segue a dos melhores suspenses e o ritmo dos segredos que pipocam é ótimo, eles nos sugam pra uma tensão e expectativa altas. O humor é negro de dar gosto: temos sangue, mortes e tiras corruptos, impossível não se lembrar de “Fargo”, tanto o filme como a incrível série.

As mulheres fortes dominam a cena, essa é uma trama de empoderamento feminino onde os homens só aparecem para atrapalhar. Poder feminino que está também por trás das câmeras, pois o filme foi escrito e dirigido pelas estreantes Bridget Savage Cole e Danielle Krudy, e surpreende quem não tem expectativas com filmes independentes de baixo orçamento, a prova de que com bom roteiro e direção é possível conquistar o público. Um longa descolado que devido à pandemia foi parar direto no catálogo da Amazon Prime Video e é um verdadeiro achado.


Vale Ver !




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