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Dica do Papo: Clube da Luta | 1999

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

Eu deveria ser penalizado por estar escrevendo esse texto, afinal, estou quebrando a principal regra do Clube da Luta. Eu sei, no entanto, que vocês já estão cansados de violar essa norma e tanto fizeram que transformaram um filme de críticas medianas e bilheteria modesta em um fenômeno cultural.

Mas por quais motivos ainda continuamos a falar de “Clube da Luta”? Uma das razões é que o filme trata de questões universais no capitalismo. A crítica ao consumismo em 1999 vale ainda mais em 2020 e talvez até aumente o seu peso nos anos que virão. Alguns podem dizer que outros filmes fazem essa denúncia melhor do que “Clube da Luta”, mas nenhum soube como atingir uma geração em cheio como o longa de David Fincher.


Isso se explica, porque há em “Clube da Luta” outros elementos que o fizeram entrar na mente do homem moderno e todo o seu vazio existencial. A ordem para o homem sair da mediocridade e tomar as rédeas da própria vida, é tudo que ele quer ouvir. No mesmo passo, aficionados pela violência do longa, muitos fãs do filme não conseguem perceber a sátira à masculinidade tóxica e o admiram pela virtude errada.

Porque “Clube da Luta” é sobre homens e sua incapacidade de se expressar por maneiras que não sejam através da violência ou da mentira. Sobre homens que sentem as dificuldades de se adaptar ao mundo contemporâneo que os obriga a disputar espaço com maquinas e até, quem diria, com mulheres. Então, Marla (Helena Bonham Carter), única personagem feminina do filme, objetificada e caracterizada como louca, casa bem com a sátira proposta e todo o invólucro da fragilidade da masculinidade. Não é, como alguns ousam dizer, um filme machista, pois apenas reproduz o comportamento misógino para dele fazer sátira, o que, convenhamos, é bastante criativo e inteligente.   

Não chamo “Clube da Luta” de obra-prima, mas ele tem seu lugar especial guardado na memória. Na figura de Tyler Durden, poucos conseguiram traduzir tão bem a hipocrisia do homem moderno. 



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