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Dica do Papo: 'Alabama Monroe' | 2012

Por Eduardo Machado @históriadecinema 


Eu amo o cinema. Mas não sou daqueles cinéfilos puristas que bradam contra o streaming, pois entendo que essas plataformas facilitam que o espectador comum assista algo além dos enlatados americanos. Não é necessário mais ir à locadora e procurar a cópia de um filme diferente. Ele está ali, tão pertinho quanto o seu controle remoto. São essas facilidades que me deixam à vontade para sugerir que assistam “Alabama Monroe”, filme belga disponível no catálogo do Globoplay, e que, a despeito da indicação ao Óscar que recebeu em 2014, não é tão lembrado quanto merece.

Merece atenção o longa dirigido por Felix Van Groeningen ('Querido Menino'), porque, apesar da dramaticidade inerente a uma história que envolve câncer, trata o clichê de maneira singular, sem apelar para sentimentalismos baratos, de modo que aquele que procura um drama para esgotar os lencinhos da casa, encontrará muito mais.


Encontrará um filme que, é verdade, aborda uma triste história de câncer infantil, mas no qual a doença é um gancho para falar sobre amor e relacionamentos. Didier (Johan Heldenbergh), um músico riponga líder de uma banda de música country e Elise (Veerle Baetens), uma tatuadora que também se aventura pela música, formam um casal de química rara, cujas crenças são todas colocadas à prova, quando a filha adoece. Nem o ceticismo de um, nem a fé de outro são antídotos contra a dor que foi impingida a eles.

Graças a um trabalho de montagem excepcional, não somos forçados, como seria o usual, a permanecer enlutados por 2h em uma trama triste. Com uma narrativa não linear, o filme não nos deixa cair, pois reveza as cenas de chorar com as de sorrir, os momentos no hospital, com os momentos no palco, num equilíbrio quase perfeito.

Enquanto o casal passa por todas as fases do relacionamento, percebemos como eles mudaram e não conseguem viver como antes, porque passaram a ser outras pessoas. Embora na música ainda formem dupla imbatível, nem todas as feridas são curadas com notas musicais. As cicatrizes ficam para sempre, como as tatuagens que Elise fez em seu corpo.   



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