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'À Espera dos Bárbaros' coloca em evidência o colonialismo britânico e sua crueldade descabida | 2020

NOTA 7.0 

Por Karina Massud @cinemassud 

Povos conquistados e colonizados muitas vezes sofrem com a submissão e matança de sua população simplesmente por terem uma etnia e cultura diferentes da dos colonizadores, em sistemas de dominação mantido com brutalidade.

Estamos no século 19, numa colônia inglesa sem nome no meio do deserto, e ela é administrada pelo Magistrado (também inominado) pacificamente, um homem bondoso que só quer viver em harmonia com os nômades naquele pedacinho do Império Britânico, aprender sua língua e cultura civilizadamente, uma exceção no modo de colonização reinante. O personagem vivido por Mark Rylance é profundo e cheio de nuances, pois vive num conflito entre executar ordens sanguinárias e seguir sua moral do bem; ele tenta sem sucesso se redimir do mal que seus superiores causam mas acaba caindo na mesma armadilha que os moradores do deserto.


Tudo vai bem até que chegam seus superiores para torturar sem dó nem piedade os locais, eles são os estrangeiros ali mas fazem o que querem em nome da “segurança nacional”. O povo colonizado só quer viver em paz  mas  como não são beligerantes, acabam sendo massacrados pelos ingleses que os consideram uma grande ameaça, eles são os “bárbaros” do título. A ambientação e fotografia são lindas, a aridez do deserto, rochas e tempestades de areia potencializam o impacto de ver tanto sangue inocente derramado.

O elenco é estrelar, mas nem ele consegue nos salvar do tédio de um desenvolvimento sem brilho. Johnny Depp é o Coronel chefe dos legionários, famoso por conseguir confissões através de torturas hediondas, e Robert Pattinson é o seu substituto, ambos em interpretações dignas de esquecimento, pois beiram uma caricatura de vilões mais parecidos com o Dick Vigarista que com legionários maus .

O foco do filme, que é adaptado do romance homônimo de J. M. Coatzee, são as mazelas do colonialismo e o eterno preconceito de raça, povos que se acham superiores e usam de uma ideologia para brutalizar e dizimar quem não é igual a eles. Essa premissa é excelente e sempre muito atual, no entanto, seu desenvolvimento em “À Espera dos Bárbaros” é arrastado quando poderia ser eletrizante e dramático, como se espera de um épico histórico, e esse mais parece a introdução à uma guerra que nunca chega. No final o longa deixa um grande questionamento: quem seriam de fato os bárbaros que são esperados, o Império Britânico ou os nômades?

Vale Ver !


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