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'Estou Pensando em Acabar com Tudo' é para que lidemos melhor com nossas frustrações antes que tudo realmente acabe | 2020

NOTA 8.5

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

Charlie Kauffman, sempre enaltecido pelo roteiro de filmes como “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” (2004), “Quero ser John Malkovich” (1999) e “Adaptação” (2003), jamais obteve como diretor o mesmo sucesso estrondoso que já conseguiu como roteirista, função na qual já venceu um Óscar e foi indicado a outros dois. Os filmes dirigidos por ele, no entanto, por contarem com um autor dotado de tamanha inventividade, são muito melhores do que a média e “Estou Pensando em Acabar com Tudo”, o mais recente longa-metragem de sua autoria, representa um valioso acréscimo ao catálogo da Netflix.

Porque no meio de tanta coisa igual que vemos por aí, um filme como esse, que preza, acima de tudo, por ser autoral, tem que ser muito valorizado. A despeito de ter sido baseado no livro homônimo escrito por Ian Reid, Charlie Kauffman toma a obra para si e nos lembra os motivos que nos fazer sentir tanta falta de sua voz.


Nas mãos de Kauffman, um enredo que se desenhava simples se converte em um projeto ambicioso no qual navegamos por memórias, projeções, depressão, mortalidade e outros conceitos complexos em um drama existencialista que tem a marca do seu criador, pois é um especialista em criar quebra-cabeças sobre a mente humana.

Spoilers e interpretações diferentes à parte, Kauffman mostra que ainda está no auge ao elaborar um filme todo passado dentro da cabeça de seu protagonista, Jake (Jesse Plemons). À Jessie Buckley, em mais uma atuação corretíssima de uma atriz em crescente ascensão, cabe a projeção dos diversos amores vividos por Jake, pouco importando se estes, de fato, existiram.

O filme tem diálogos propositadamente presunçosos, mas adequados quando pensamos que se passam dentro da cabeça de um homem que precisa lidar com as próprias frustrações. Alguém que hesita ao ser instigado a viver perigosamente e que, no fim, chora pelo que viveu e pelo que deixou de viver.

Antes que, como promete o título, tudo realmente acabe, é provável que você pense sobre as palavras não ditas, estradas que nunca pegou e talvez pense que sua viagem não foi boa o bastante. Mas que é interessante o convite de Kauffman para visitar a nossa psique, não podemos negar. 


Vale Ver !


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