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Fanatismo religioso e a banalidade do mal permeiam o denso 'O Diabo de Cada Dia' | 2020

NOTA 8.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Quantas atrocidades já não foram e ainda serão cometidas em nome de Deus e de religiões moldadas conforme convém. Adaptado do livro escrito por Donald Ray Pollock e dirigido por Antônio Campos ( filho do jornalista Lucas Mendes e diretor do ótimo “Chistine”), “O Diabo de Cada Dia” é sobre fanatismo religioso e violência, seu início é chocante e tem um  impacto  que vai perdendo força, mas nem por isso abandona o suspense no decorrer da trama, que é longa (2h18min),  e pode cansar alguns espectadores. São apresentadas historietas que se passam entre a Segunda Guerra e a Guerra do Vietnam e giram em torno do jovem Arvin (Tom Holland), filho de um ex-combatente devoto que sofre uma sequência de tragédias, pelas quais ele sempre enfia os pés pelas mãos em busca de vingança.


Os personagens são “white trash” americano, pessoas sinistras e visivelmente perturbadas com um sotaque sulista carregado que entrecortam tudo o que dizem, deixando no ar uma impressão ruim. O elenco estrelado entrega performances extraordinárias: Tom Holland, Bill Skarsgard, Robert Pattinson, Jason Clarke, Mia Wasikowska, entre outros. O casal de serial killers que tira fotos sensuais com as vítimas; o pastor vaidoso que seduz as garotas do seu rebanho e depois as descarta; o xerife corrupto e ambicioso, e os meio-irmãos que ficaram órfãos perdendo os pais de maneira trágica. Suas histórias se cruzam em algum momento da trama e têm em comum a luxúria, hipocrisia e  mortes violentas; são pessoas mais autodestrutivas e egoístas que solidárias ao próximo. A violência não dá trégua na narrativa: será que o mal já estaria dentro de cada um deles apenas esperando uma justificativa pra explodir ou ele foi surgindo com as tragédias pessoais?!

É bom registrar aqui que o narrador da trama é o próprio autor dela, o escritor Pollock, pois assim como eu, muitos espectadores não leram o livro, e tenho certeza que ao final do longa vão correr pra comprá-lo, pois a história é muito boa e cativante.

A fé não serve de conforto espiritual para ninguém em “O Diabo de Cada Dia”, pelo contrário, só traz angústia, sofrimento e muitos crimes hediondos cometidos por puro prazer. Tal colocação cabe como uma luva para diversas comunidades e religiões que tratam seus fiéis como reféns do medo e da culpa, fomentando a hipocrisia e a exploração da fé dos desesperados.

Vale Ver !



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