'O Dilema das Redes' tem potencial para assustar o mais cético dos usuários das redes sociais | 2020

NOTA 8.5

Por Eduardo Machado @históriadecinema

O presente de 2020 parece um filme de ficção científica de décadas atrás. Se alguém dissesse, há alguns anos, que as pessoas estariam viciadas em um aplicativo de rede social instalado em um aparelho móvel e que a inteligência artificial seria capaz, sem que as pessoas percebessem, de causar terremotos políticos de primeira grandeza, talvez essa pessoa fosse chamada de louca. Ainda tem quem, em 2020, viva em negação e negue a influência dessa tecnologia, mas o documentário “O Dilema das Redes” tem o propósito de dar um susto no mais cético dos usuários.

Falo em “usuários”, pois, como mencionado no filme, fora os usuários de drogas, esta é a única circunstância em que o termo é utilizado, o que não é sem razão. A explicação é simples. Como produto comercial, as redes sociais precisam gerar lucro. A melhor maneira que encontraram para atingir esse fim foi por meio de anúncios e, para capitalizar cada vez mais, precisam fazer com que as pessoas permaneçam por mais tempo em frente à tela do celular. Como fazer isso? Conhecendo os “usuários” melhor do que eles mesmos, as plataformas foram desenvolvidas para criar dependência e vício a serviço do capitalismo.

Essas conclusões, vejam bem, não foram ideias da minha cabeça. Foram extraídas de um documentário muitíssimo bem produzido pela Netflix, o qual, além de contar com depoimentos de grandes expoentes das grandes empresas do setor no Vale do Silício, é perspicaz, inclusive, para fugir do formato tradicional e incluir uma pequena história ficcional, de modo a ilustrar a imensidão de informações que traz, deixando o conteúdo menos maçante e mais palatável para o público não tão acostumado aos documentários.

O mais aterrador é não saber como resolver o problema a médio e curto prazo e ter ciência das consequências. Muita gente já pensou nas coisas que o documentário fala, mas ouvir de quem criou o sistema tem, obviamente, um peso bem maior. Corra para a Netflix e se assuste também, mas cuidado com o algoritmo.

Vale Ver !