Adsense Cabeçalho

'Pérolas no Mar' traz um belo romance marcado pelo realismo e fragilidade | 2019

NOTA 8.5

Uma história de amor do “E se...?”

Por Karina Massud @cinemassud 


Uma das dores mais fortes é a dor do arrependimento, e contra ela não há muito o que fazer, pois não se muda o passado e não adianta chorar o leite derramado. E se eu tivesse feito isso e não aquilo? E se, ao invés de reprimir o sentimento, eu tivesse dito o que sentia, “eu te amo”, “sinto sua falta”? Que rumos minha vida teria tomado por essas escolhas?

“Pérolas no Mar”, filme chinês belíssimo inspirado no livro “Home for Chinese New Year – A Story Told in Englishc and Chinese” de Wei Jei e que está escondidinho no catálogo da Netflix, retrata o romance  dos jovens Xiao-xiao e Jianqing  que se encontram em um trem indo pro interior da China  para passar o ano novo com suas famílias. Nessa viagem começa uma linda amizade que se transforma em amor quando voltam a Pequin em busca de oportunidades e uma vida melhor; eles vão morar juntos e enfrentam todos os perrengues com leveza e bom humor, a falta de espaço, pouca grana e a busca por um emprego. Um casal que tinha tudo pra ficar junto: havia companheirismo, amor, troca diária e principalmente conheciam os defeitos um do outro. Mas tudo isso não bastou pra união durar, pressão por dinheiro e sucesso foram fatais e acabaram por separar os protagonistas que pareciam ter nascido um pro outro.

Anos depois, Xio-xiao e Jianging se reencontram num trem e começam um diálogo pra tentar entender o por quê do rompimento, o que poderiam ter feito pra salvar o relacionamento e que não fizeram, “e se...?”. As cenas do passado são coloridas apesar das dificuldades que enfrentavam, afinal eles tinham o brilho da juventude e a esperança de um futuro feliz ; por outro lado as cenas do reencontro são em preto e branco e de uma melancolia cortante, cada um seguiu um rumo mas  o amor e carinho nunca acabaram. Em algum momento dessa trajetória o encanto se perdeu e nenhum deles sabe quando.

A trama ao mesmo tempo que é doce e delicada, é também forte e sem a pasteurização dos romances da ficção. Uma história de amor convencional e sem muitos rompantes, e é nesse realismo que se encontra o seu carisma. Os personagens são “gente como a gente” e geram identificação imediata. Todos temos orgulho e medo de expor totalmente nossos sentimentos, um medo bobo de ser rejeitado ou não ser correspondido na medida das expectativas.

A montanha-russa de emoções bate forte em personagens e espectadores, e faz pensar no que “foi sem nunca ter sido”, naquela pessoa que te encantou no passado e você nunca mais viu porque a vida os separou, “Como será que ela está? Acho que vou dar um Google pra saber...” Mas ao invés do arrependimento nos nortear devemos redirecionar nossa felicidade a partir de circunstâncias do presente, pois é nele que vivemos. Não percamos o brilho e sigamos em frente, é pra lá o sentido da vida.


Vale Ver !




Nenhum comentário