'Sementes : Mulheres Pretas no Poder' documenta o legado de Marielle Franco na política | 2020
NOTA 8.0
Por Rogério Machado
'A gente ainda não aprendeu a votar em gente como a gente...' Essa frase dita por Rose Cipriano, professora da baixada fluminense e candidata a deputada estadual pelo PSOL-RJ em uma das muitas rodas de conversa durante o período de campanha em 2018, sem dúvidas é um dos momentos que mais se destacam e fazem ecoar o propósito do documentário 'Sementes: Mulheres Pretas no Poder', filme lançado diretamente no streaming e disponível gratuitamente até nesta quarta, dia 30, no canal do You Tube da Embaúba Filmes.
O documentário sob a direção de Éthel Oliveira e Júlia Mariano, acompanha, escuta e revela quem são algumas das mulheres pretas na política do Brasil, que emergiram após o brutal assassinato de Marielle Franco. Em um país com a menor representação parlamentar feminina na América do Sul e com menos de 10% de cadeiras, existentes na câmara dos deputados, ocupadas por mulheres - responder politicamente ao assassinato de Marielle Franco significou candidatar-se a cargos de deputadas federal e estadual nas eleições de 2018, disputar o espaço da política institucional do qual Marielle foi brutalmente arrancada.
Marielle foi assassinada no dia 14 de março de 2018 num episódio que ainda segue sob investigação, mas é impossível não acreditar que o crime tenha sido de ordem política. Evidentemente essa questão não é explorada no projeto, e sim como esse crime reverberou no novo cenário eleitoral, ainda no ano de 2018, quando as candidaturas de mulheres, sobretudo mulheres negras, cresceram significativamente em relação às eleições anteriores.
O termo representatividade nunca esteve tão em alta na mídia, mas no meio político ela ainda segue em passos de tartaruga. Talvez pelo meio político ser tão corruptível e profanado, por conta de interesses escusos e dos vícios de um sistema que já vem falido há décadas de república. 'Sementes: Mulheres Negras no Poder' tem a tarefa de abrir os olhos do espectador para uma nova forma de fazer política, que tira o poder dos grandes nomes no meio e o direciona às pessoas comuns , que têm desejo de trabalhar para o seu igual, suprimindo os privilégios e a corrupção que estão tão entranhados em todos os poderes.
Esse pensamento tem razão de ser. É só olhar para os resultados expressivos que essas mulheres tiveram, algumas delas até eleitas, como o caso de Mônica Francisco e Renata Souza para o cargo de deputadas estaduais para o estado do Rio de Janeiro, e Talíria Petrone, ex vereadora da câmara de Niterói e agora com uma cadeira no congresso nacional no cargo de deputada federal. 'Sementes: Mulheres Pretas no Poder' mostra que é essencial começar uma virada e que ela deve começar por quem até agora assistia como mero espectador.
Vale Ver !
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