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Uma relação abusiva levada a níveis assustadores em 'Remédio Amargo', novo suspense espanhol Netflix | 2020

NOTA 7.0 

Por Rogério Machado 

Ángel é um personagem que desperta interesse desde os primeiros minutos de 'Remédio Amargo', produção espanhola recém chegada a Netflix, estrelada por um de seus maiores astros: Mario Casas. O homem tem um ofício que não raramente é ligado ao altruísmo e a ações heroicas, mas aqui, em especial, tem desvios de comportamento que serão distribuídos em doses discretas na história (pelo menos em sua primeira metade), que de um drama em potencial passa a beber das águas do suspense psicológico, muito embora sua trama fique bem aquém de grandes representantes no gênero. 

A trama acompanha Ángel (Casas), um paramédico ciumento com traços de psicopatia que anseia por ter um filho.  Após sofrer um grave acidente enquanto trabalhava na ambulância que seu colega Ricardo (Guillermo Pfenning) dirigia, fica paralítico e culpa o colega pelo fato de estar em uma cadeira de rodas. Com o passar do tempo os ciúmes pela namorada Vane (vivida por Déborah François) o fazem ficar ainda mais doente e paranoico, e é quando depois de uma descoberta surpreendente, ele haverá de tornar a vida de sua parceira um verdadeiro inferno. 

O grande problema de 'Remédio Amargo' é não valorizar a inteligência do espectador, e embora essa afirmação pareça frase feita, não haveria outra forma de descrever meu sentimento sobre uma obra que tinha potencial para ir muito além, sobretudo pela primeira meia hora apresentada, quando ainda vemos o eficiente paramédico fazendo pequenos furtos durante seus resgates e os colecionando como souvenirs. Explicar incisivamente o porquê de algumas escolhas não funcionarem no filme sob a direção de Carles Torras, representaria entregar surpresas para os mais otimistas. Sim, o roteiro também de Torras junto com David Desola e Hèctor Hernández Vicens, é preguiçoso, óbvio e previsível. 

Porém, há de se considerar o talento de Casas em encarnar um personagem que exala psicopatia, e pela fluência no desenvolvimento, que colabora para o bom ritmo do suspense. Muito embora novelesco, o filme tem alguns pontos altos que hão de proporcionar uma boa experiência, mas é claro, muito abaixo da expectativa quando pensamos na boa onda do cinema espanhol, assim como a inventividade de roteiros impecáveis que já chegaram às telas. 

A premissa de 'Remédio Amargo' é atraente, mas por tratar  de um tema tão denso como relações abusivas, merecia uma narrativa mais complexa e inteligente. 

Vale Ver !





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