Difícil não se impactar com a atuação de Helena Zengel em 'Transtorno Explosivo' | 2019
NOTA 9.0
Por Eduardo Machado @históriadecinema
No prestigiado festival de Berlim em 2019, um filme local chamou a atenção. Dirigido por Nora Fingscheidt, estreante em longas de ficção, “Transtorno Explosivo” saiu do festival com dois Ursos de Prata. No “European Film Awards” (Prêmio do Cinema Europeu), houve quem defendesse que o prêmio de melhor atriz fosse para Helena Zengel, de apenas 11 anos e protagonista do filme. Olivia Colman venceu por “A Favorita”, mas não seria injusta a vitória de Helena, pois, em “Transtorno Explosivo”, ouso dizer que estamos diante de uma das atuações infantis mais impressionantes já vistas.
O título do filme refere-se ao problema grave pelo qual passa Benni (Helena Zengel), uma menina de 9 anos que, na ânsia por amor, sofre com um transtorno de agressividade incontrolável que repele, inclusive, a própria mãe. Os gritos de Benni, ouvidos desde os primeiros minutos do filme, são tão impactantes que ecoam dentro de nós mesmo quando há silêncio.
Traumas na primeira infância deixaram feridas não cicatrizadas que, conforme ela alterna entre abrigos e instituições psiquiátricas, parecem ficar mais profundas. Sua fome de amor aumenta com cada rejeição que recebe e apenas a conexão com Micha (Albrecht Schuch), um dos assistentes sociais responsáveis por ela, é capaz de oferecer um fiapo de esperança.
Nora Fingscheidt (também autora do roteiro) usa todas as ferramentas à sua disposição para nos conectar com a mente de Benni. A hiperatividade das câmeras, aliada à trilha sonora acelerada são perfeitas para capturar o olhar da menina. Em comparação com o famoso “Mommy” de Xavier Dolan, no entanto, de temática similar, não há, como no filme do canadense, a necessidade de utilizar grandes recursos estilísticos para criar desconforto no espectador. A situação de Benni já é desesperadora o suficiente.
É um filme forte, naturalmente difícil de ser assistido e que não tem qualquer intuito de passar uma mensagem bonitinha para o espectador. É a ficção tentando passar realidade, sem subestimar o público, e tratando o transtorno mental com uma honestidade rara de se ver.
Super Vale Ver !
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