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'Os 7 de Chicago' e o julgamento de 1969 que nos lembra de 2020 | 2020

NOTA 7.5

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

No ano de 2006 Steven Spielberg ofereceu a Aaron Sorkin, então um roteirista de alguns bons trabalhos, a oportunidade de escrever um roteiro para um longa-metragem sobre os 7 de Chicago e seu julgamento, um dos mais famosos da história dos Estados Unidos, ocorrido em 1969. Devido a conflitos na agenda, Spielberg acabou desistindo de dirigir o filme e o projeto quase foi abortado. Nos 14 anos seguintes, entre idas e vindas de diretores, Sorkin amadureceu, venceu um Óscar pelo roteiro de “A Rede Social”, estreou como diretor em 2017 no bom “A Grande Jogada” e aceitou assumir a direção do projeto. Toda a confusão, que poderia ter arruinado a produção, acabou, diante do contexto político atual, fornecendo o timing perfeito ao filme.

No momento em que o Presidente Donald Trump tenta abafar protestos nos Estados Unidos, “Os 7 de Chicago” produz cenas que, apesar de ambientadas nos anos 1960, nos fazem, por algum momento, pensar que se passam em 2020. Estamos voltando ao passado ou, na verdade, nada mudou? Sempre foi e será necessário, no Brasil ou nos Estados Unidos, que alguém nos diga, com todas as letras, que o Presidente não é cliente do Procurador Geral?

O filme embarca nessa onda e o peso da temática, combinado com um elenco brilhante no auge da forma pode ser mais do que suficiente para maioria das pessoas e, de fato, o filme consegue aliar entretenimento de qualidade com uma mensagem interessante. Todavia, é difícil fugir da sensação de que o texto de Aaron Sorkin é perfeito demais e que falta um peso dramático ao longa. Sacha Baron Cohen, por exemplo, está ótimo como Abbie Hoffman, mas as tiradas cômicas dele são boas demais para quem está na iminência de passar boa parte da vida na cadeia. É tudo muito polido para o cenário de caos que se desenhava.

Não que se diga que “Os 7 de Chicago” não seja um grande filme, pois os ótimos diálogos proferidos por atores estupendos jamais permitiriam que não fosse. É um drama de tribunal envolvente que, entretanto, deixa de ser inesquecível por não abraçar a imperfeição.


Vale Ver ! 



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