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'Rebecca, A Mulher Inesquecível' : romance é versão modernizada de Hitchcock feita para o púbico de hoje | 2020

NOTA 5.5

Por Sérgio Ghesti @meuhype

Fantasmas do passado, diferença de classes, bem como a toxicidade das relações afetivas se estabelecem entre os protagonistas. O milimétrico suspense "hitchcockiano"  do filme de 1940 se esvazia nas concepções óbvias do romance, meio sem sal diga-se de passagem,  dessa nova versão. A necessidade de revitalizar a história é tentadora e perigosa na mesma proporção, na medida que os variados clichês da trama se misturam de forma novelesca, elementos feitos para fisgar o grande público.  O romance é atrativo e se torna uma questão clara de preferências. O clássico de Alfred Hitchcock até hoje consegue ser uma obra marcante e surpreendente, mas o mesmo não se pode dizer da produção original Netflix, muito embora seja um chamariz para mais pessoas se conectarem à obra do icônico cineasta. 

A trama narra a história de uma jovem (Lily James), que trabalha como acompanhante de uma senhora e conhece um milionário viúvo, Max de Winter (Armie Hammer), com quem se casa. Ao mudar para a mansão dele, ela, que se torna a "Senhora de Winter", tem que encarar os "fantasmas" deixados pela ex-mulher, a primeira "Senhora De Winter", morta de forma misteriosa. As camadas da simples história giram em torno de uma personagem central que não aparece no filme, Rebecca. O mistério sobre a personagem é o ponto forte da história, sendo uma das partes centrais do filme o embate entre duas mulheres: a jovem interpretada por Lily e a governanta da casa (vivida por Kristin Scott Thomas), amiga da ex-patroa, que tenta sabotar o começo de vida a dois da jovem. Inclusive, é impossível citar a obra adaptada sem lembrar que o romance inglês foi inspirado em manuscritos do livro brasileiro 'A Sucessora', de Carolina Nabuco, que inclusive já teve adaptação para uma telenovela brasileira da Rede Globo, de 1978. Uma coincidência inocente ou plágio? Uma pergunta que permanece no ar até hoje e inclusive já rendeu processos na justiça.

"Rebecca, A Mulher Inesquecível", baseado no polêmico livro de Daphne du Maurier de 1938, é uma espécie de "releitura" da obra-prima lançada em 1940 por Hitchcock, estrelado por Laurence Olivier e Joan Fontaine, rendeu dois Oscars, inclusive o de Melhor Filme. Somente a coragem de utilizar esse material novamente já representaria um risco. 

Surge então uma complicada questão para entender a linha de produção da Netflix: o filme surge para contar novamente uma boa história ou apenas para cumprir tabela em seu catálogo original? A decisão final é do espectador. A releitura de Rebecca se mostra atrativa, e é o tipo de romance que será sempre revisitado por novas gerações pelo poder de sua narrativa.  Ainda que a nova produção agrade por seu tom novelesco, recomendamos a versão de 1940 e a "finesse" de Hitchcock.


Nem Vale Ver !




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