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'Volume Morto' discute a situação da educação no Brasil com um toque de suspense | 2020

NOTA 7.0

Por Rogério Machado 

'Volume Morto', de Kauê Telloli, é mais uma produção que precisou reafirmar-se no duro caminho de divulgação e exibição em meio à pandemia. O longa que passou pelo circuito de cinemas drive-in e recentemente chegou às plataformas digitais, faz parte de um seleto grupo de projetos que apostam no cinema de gênero, algo ainda raramente visto por aqui, mas já com bons representantes dentro no novo cenário brasileiro. 

O longa que se dá através de uma conversa dentro de uma sala de aula é o ponto de partida para uma intrincada trama de suspense. O assunto do encontro é Gustavo (que não aparece em cena), um garoto de sete anos. Ao perceber que ele não fala em suas aulas de inglês, a professora Thamara (Fernanda Vasconcellos) convoca os pais do garoto, Luiza (Júlia Rabello) e Roberto (Daniel Infantini), para uma reunião. A intenção de Thamara é descobrir se acontece algo em casa que esteja afetando o comportamento da criança na escola. Os pais, por sua vez, negam a existência de maus-tratos e passam a culpar a professora pela situação, acusando-a de estar incentivando bullying contra a criança. 

O diretor e roteirista do filme, Kauê Telloli, conta que a ideia para a história surgiu de um momento com amigos, quando todos observavam desenhos feitos por crianças. E é exatamente com muitos desenhos fixados em uma lousa e uma trilha sinistra que se dá abertura do filme, enquanto a professora Thamara olha atentamente para cada um deles. O clima de tensão é crescente, alternados entre os diálogos afiados de Thamara e Luiza e a digitação no celular para o grupo de mães da escola. No terceiro ato entra em cena um pai com ar de poucos amigos, é quando o suspense ganha um tom acima, com direito a agressões verbais e até físicas. 

É inegável o tom de crítica social que diz respeito a essa via de mão dupla, não raras vezes problemática,  entre escola e família: o que é dever dos pais e o que seria atribuição do corpo docente? Entre outras coisas Kauê Telloli também discute abuso de poder, superproteção, e claro, as falhas de um sistema educacional que não está acima do bem e do mal. A trama engenhosa, apesar de criativa ao misturar drama social e suspense, não é homogênea, ensaia decolar mas infelizmente não mantém o ritmo. Não chega a se firmar como uma narrativa infalível, mas vale pela junção de assuntos em um gênero tão convidativo. 


Vale Ver !



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