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'Convenção das Bruxas' é versão contextualizada e eficiente na medida do clássico de 90 | 2020

NOTA 7.5

Por Rogério Machado 

Ah, os remakes!  Sempre tão mal vistos e taxados de desnecessários... Mas existem as exceções que quebram paradigmas assim como as 'maldições do refazer' de obras que marcaram época, e que por muitos são consideradas intocáveis. 'Convenção das Bruxas', da obra de Roald Dahl, que ganhou as telas nos anos 90 sob a direção de Nicolas Roeg, é um desses projetos que moram no imaginário coletivo e que aparentemente poderia representar um desafio nada fácil para quem ousasse assumir uma releitura. A nova versão finalmente  chega aos cinemas brasileiros essa semana e ainda que o filme original saia na frente em diversos quesitos, não dá pra dizer que a nova incursão cinematográfica seja um despropósito. O motivo para tal afirmação atende pelo nome de Robert Zemeckis. 


Como  realizador, Zemeckis (conhecido por grandes trabalhos como a trilogia 'De Volta Para o Futuro' e o ganhador do Oscar  'Forrest Gump')   reimagina a adorada obra de Dahl para o público dos dias de hoje. A trama acompanha a história de um jovem órfão (Jahzir Bruno) que em 1967, vai viver com a sua Avó (Octavia Spencer) numa cidade rural do Alabama, Demopolis. Quando o garoto  e sua Avó encontram pela cidade algumas bruxas encantadoras, mas diabolicamente traiçoeiras, a avó decide levar o neto para um luxuoso resort à beira-mar. Infelizmente, eles chegam exatamente na mesma altura em que a Grande Bruxa-Mor (Anne Hathaway) decide reunir-se com todas as suas amigas bruxas para traçar planos para exterminar todas as crianças da face da terra. 

Apesar de seguir o roteiro da produção anterior, há uma clara contextualização, desde o protagonismo negro, fazendo menção ao racismo estrutural nos anos 60, mas sem efetivamente criar situações que comprovem a diferenciação pela cor da pele, até o subir do volume no humor e por sua vez, diminuir o tom do terror, gênero que consagrou a obra original. A Bruxa-Mor, eternizada na roupagem dada por Anjelica Huston, aqui tem tonalidades cartunescas, na interpretação também marcante da sempre ótima Anne Hathaway. Há um exagero em sua performance, potencializado pelo sotaque russo, mas que soa interessante nessa nova pegada da história como um todo. 

Para concluir, creio que seja difícil criar comparações de um projeto com outro, pois Zemeckis entrega uma releitura que bebe nas fontes de uma aventura fantástica sintonizada com assuntos pertinentes ao nosso momento, enquanto o clássico tem um 'q' de sombrio e flerte com o cinema de terror. 'Convenção da Bruxas' se firma com um bom divertimento com a marca de seu realizador e ainda deixa espaço para a exaltação às diferenças. As falhas residem nos exageros, mas ao público a que o filme se destina isso não haverá de incomodar, muito pelo contrário. 


Vale Ver !



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