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Dica do Papo: 'O Silêncio dos Inocentes' | 1991

Por Eduardo Machado @históriadecinema

Em 92 anos de Óscar, apenas três filmes venceram os 5 prêmios principais (Ator, Atriz, Roteiro, Direção e Filme). “Aconteceu Naquela Noite” foi o primeiro a atingir tal feito na cerimônia de 1935. “Um Estranho no Ninho” repetiu a façanha em 1976. Por último, em 1992, “Silêncio dos Inocentes”, um filme que foge das características dramáticas tão apreciadas pela Academia, mas cujo trabalho foi tão bem executado que não havia como não receber todas as honrarias. Sucesso absoluto de público, quase unânime entre a crítica especializada, o longa dirigido por Jonathan Demme veio mesmo para quebrar com paradigmas.

Lançado nos cinemas dos Estados Unidos em 14 de fevereiro de 1991, no “Valentine’s Day”, o dia dos Namorados acabou sendo apropriado para o filme. Não que se trate de um romance, mas a tensão que existe entre a jovem agente do FBI Clarice Starling (Jodie Foster) e o assassino em série Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), é quase uma dança, com concessões baseadas na confiança, em latim, “quid pro quo”.

Nessa linha, por mais sanguinário que Hannibal seja, sua característica mais latente é a sedução e sua capacidade de manipular. Sua força está no olhar, quase hipnótico. É o jogo que ele gosta de jogar e no qual Clarice, por tanto precisar da ajuda do Canibal, acaba envolvida. Tudo capturado pelas lentes de Jonathan Demme, que, diante do talento que tem em frente às suas câmeras, privilegia a interação entre os protagonistas.

É certo, então, que Jodie Foster e Anthony Hopkins tiveram grandes desafios, mas cumpriram com maestria a tarefa que a eles foi atribuída. A atuação de Hopkins pode até ser o coração do filme, mas Foster não fica muito longe ao interpretar uma mulher forte, que, hoje, alguém chamaria de feminista.

Considerado por muitos o primeiro filme de terror a vencer o Óscar de melhor filme, “Silêncio dos Inocentes” não chega a renegar o gênero, mas a verdade é que o filme assusta mais por razões freudianas do que por clichês de gênero. Afinal, gênero nenhum deveria submeter tamanha obra-prima. 




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