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'Kubrick por Kubrick' é uma viagem rara pelo perfil do gênio, feita por quem o conheceu de perto | 2020

NOTA 9.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Notoriamente recluso e avesso à entrevistas, o diretor Stanley Kubrick raramente se expunha e comentava seus métodos de trabalho, paixões e inspirações, deixando um rastro de curiosidade e fascínio a cada obra lançada. Um gênio num panteão de poucos, ele não produziu tantos filmes mas os 13 que fez são brilhantes e viraram clássicos e referências de seus gêneros, “O Iluminado”, “Laranja Mecânica”, “2001- Uma Odisseia no Espaço”, “Spartacus”, “Lolita”, “De Olhos Bem Fechados”, etc.

“Kubrick por Kubrick”, documentário que foi destaque no 44º Festival de Cinema de São Paulo, é baseado nas entrevistas que Michael Cimente, crítico de cinema e especialista em Kubrick, realizou por anos com o diretor, entrevistas que foram compiladas no livro de 2013 “Conversas com Kubrick”. Temos vídeos raros do cineasta trabalhando assim como depoimentos reveladores de seus principais colaboradores, atores e equipe: Tom Cruise, Malcolm McDowell, Shelley Duvall, Peter Sellers, do compositor Leonard Rosenman e do designer de produção Ken Adam. Talvez não haja nenhum grande “furo” bombástico na biografia do diretor, mas certamente é uma bela homenagem a sua obra.

Ele é um mito e isso é indiscutível, e a partir dessa afirmação o documentário se desenvolve focando em seus filmes e como ele os desenvolvia, numa abordagem de Kubrick enquanto diretor. Seus filmes são intrigantes e cheios de camadas, e fazem a alegria de cinéfilos mundo afora com tramas simples à primeira vista mas complexas quando interpretadas , histórias sobre violência, evolução, sexualidade e traição. Famoso por repetir cenas muitas e muitas vezes, e levar as equipes à exaustão até chegar num resultado no mínimo brilhante, o próprio Kubrick esmiúça seu processo incansável até a perfeição, que para ele era um cinema tão apurado a ponto de parecer natural e não ensaiado.

No documentário o diretor Gregory Monro nos leva a uma sala branca que remete a “2001 – Uma Odisseia no Espaço” e se parece com uma tela onde momentos da carreira e elementos dos filmes de Kubrick são pincelados em meio a perguntas e observações de Ciment, pequenos objetos de grande significado como o monólito de 2001, o piso quadriculado de “O Iluminado”, os óculos de Lolita e a máscara fálica de Alex DeLarge; é como se visitássemos um mini-museu dentro do filme.

Kubrick era único e era muitos, pois suas obras valiosas não têm uma interpretação absoluta nem nunca terão, elas estão aqui para serem vistas através de inúmeras perspectivas. “Kubrick por Kubrick” termina, e apesar de todas as revelações o diretor continua uma figura enigmática que ainda vai fascinar muitas gerações de aficionados pelo cinema. 


Super Vale Ver !




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