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'Era Uma Vez Um Sonho' é um dramalhão caipira que traz Glenn Close e Amy Adams em personagens histriônicas | 2020

NOTA 6.5

Por Karina Massud @cinemassud 

Uma das produções mais aguardadas e ambiciosas desse final de ano na Netflix “Era Uma Vez um Sonho” chega envolta em muito marketing e nomes estrelados, mas pelas altas expectativas unidas à falta de qualidade,  o filme se tornou um dos grandes fiascos do serviço de streaming.

Baseado na autobiografia de 2016 de J.D. Vance a trama narra sua trajetória. Nascido em uma Uma família “red neck”, o caipira norte-americano (o título original é “Hillbilly Elegy”, Elegia Caipira), que luta contra a pobreza, preconceito  e vícios. Contrariando todas as probabilidades e com o empurrão da avó Mawmaw (Glenn Close), o jovem consegue chegar à faculdade de Direito de Yale, fugindo da família disfuncional e personificando o sonho americano. Um dia ele tem que voltar para casa por causa de uma overdose de heroína da mãe Bev (Amy Adams) e sua história de vida é contada durante essa viagem.

O filme carregava expectativas altíssimas pelos nomes envolvidos: o diretor Ron Howard, tarimbado em cinebiografias (“Apollo 13”, “Uma Mente Brilhante” e “Rush”), Glenn Close, Amy Adams, Freida Pinto,  e ainda prometia ser um forte concorrente ao Oscar, algo que agora parece pouco provável pois o longa está mais próximo a uma novelona mexicana do que com um filme Oscarizável; se houver algum prêmio certamente será o Framboesa de Ouro.

A edição é ruim, pois os muitos flashbacks são repetitivos e tornam a história empacada e sem desdobramentos significativos. Os barracos familiares com polícia e vizinhos gritando são excessivos e na metade do filme já cansaram, assim como as interpretações de Glenn Close e Amy Adams, esgoelando escabeladas e com uma maquiagem carregada demais. As duas grandes atrizes vivem pessoas que existem sim na vida real e se entregam à dramaticidade nível hardcore com a competência de sempre, porém o desenvolvimento dessas personagens é raso e elas não passam de figuras quase caricatas, quando poderiam ter sido fantásticas e cheias de camadas.

Apesar de todos os personagens serem muito ferrados na vida, eles não geram empatia no espectador pois ninguém mostra nada além de discussões, violência e ameaças, fica difícil torcer por alguém. O protagonista J.D. Vance é insosso, o ator Gabriel Basso não consegue passar emoção nem nos momentos mais tensos, assim como sua namorada vivida da mesma forma apática por Freida Pinto. 

Duas questões importantes e insolúveis da sociedade americana são levantadas na trama: o custo altíssimo das boas faculdades que faz a maioria das pessoas economizar a vida toda ou fazer empréstimos pra poder ter um diploma, e o descaso do sistema de saúde com quem não tem seguro. Além disso o filme tem uma mensagem forte que irá comover muita gente: não importa quantas adversidades você enfrente na vida, o sucesso pode ser alcançado se você for obstinado, honesto, trabalhar duro e focar no seu objetivo.


Vale Ver Mas Nem Tanto !





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